Sem dúvida alguma a música influencia a sociedade em todos os seus aspectos, fato comprovado por pesquisadores e estudiosos do tema. Ora, se a música influencia o comportamento da sociedade, afeta também o relacionamento do homem com Deus e com o próximo. Isto é o que veremos.
Nossa sociedade impregnada pelo materialismo e por filosofias as mais diversas está descobrindo nos dias de hoje que a música é essencial para o desenvolvimento do ser humano, algo que já foi descoberto por povos da antigüidade. A própria Escritura traz indicações de que, no passado, a música fazia parte da vida cultural do povo de Deus e era usada no dia a dia de suas celebrações. As festas religiosas, os encontros das famílias, as celebrações do povo de Deus eram repletas de música, sons e alegria.
Ora, o poder da música na sociedade foi analisado e estudado por gente como Pitágoras, Platão e Aristóteles. Eles descobriram uma íntima relação entre a moral de um povo e a música que entoavam. Um músico contemporâneo diz que “a música cria ordem a partir do caos… a melodia impõe continuidade ao descosido e a harmonia impõe compatibilidade ao incongruente”. 1 Ele acrescenta que a confusão se rende à ordem e o ruído à música levando o homem a uma grande ordem universal.
A música afeta as nossas emoções. Os antigos achavam que a saúde de um indivíduo, os pensamentos do homem e a paz de espírito de uma pessoa estão estreitamente relacionados com a melodia e harmonia da música. A partir desta descoberta os pesquisadores descobriram que se pode usar um tipo de música para influenciar as pessoas a cada dia da semana. Alguém disse que quando vamos ao supermercado no sábado, a música ambiental leva-nos a andar rapidamente, a procurar os produtos com maior rapidez porque o fluxo de pessoas é maior e temos que dar espaço, porque mais pessoas estão chegando para as compras. O tipo de música também influi no que devemos comprar naquele dia.
Por outro lado, experimente fazer suas compras no meio do mês numa segunda-feira à tarde. A música é totalmente diferente; ela não o instiga e não o apressa. Você conduz o seu carrinho calmamente pelos corredores, sem pressa. Afinal, tem pouca gente comprando e a música ambiental faz com que você fique ali, gastando o maior tempo possível. Comprando o que não quer levar!
Hoje somos levados às compras empurrados pela música, da mesma maneira como os camponeses usavam cânticos de colheita que os animava ao trabalho ou os soldados que marchavam sob o som dos cânticos de guerra, motivando-os à luta. A música marcial, por exemplo, faz o inimigo tremer: o som dos tambores e das cornetas impõe respeito e medo ao inimigo.
Seria isto o que Aristóteles queria dizer quando afirmou que “emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo. Através da música, por conseguinte, o homem costuma experimentar as emoções certas…” 2
A música, portanto, tem a capacidade de afetar as emoções dos crentes no culto a Deus e em seu viver diário. Não se pode conceber um culto ou uma experiência cristã sem emoções. Rimos, choramos, reagimos positiva ou negativamente, cantamos, dançamos e prostramo-nos por causa do tipo de música que temos em nossas reuniões. Aliás, muitas das manifestações que se vê hoje em encontros de jovens e em celebrações musicais são frutos da música, e nem sempre do poder de Deus.
O próprio profeta Eliseu viu-se diante de uma situação inusitada. Pressionado pelos reis de Israel, Judá e de Edom, foi convocado à guerra contra Moabe. Ele teria que dar uma palavra de Deus aos reis que há sete dias estavam marchando sem encontrar água para o exército e para o gado. Eliseu, então, disse: “Trazei-me um tangedor. Quando o tangedor tocava, veio o poder de Deus sobre Eliseu” (2 Rs 3.15). Na nota de rodapé das anotações da Bíblia de Ryrie, diz: “A função desse instrumentista seria a de acalmar o espírito perturbado de Eliseu, de sorte que esse pudesse ouvir o que Deus lhe diria”. 3 Se bem que a maioria dos pregadores usa o texto para comprovar que o louvor libera a palavra profética, o que é perfeitamente aceito por todos, a música serviu para acalmar o profeta que andava irritado com Jorão por causa das iniqüidades de seu pai, Acabe.
Se uma música podia acalmar o irado Saul, certamente que algum tipo de música pode mexer negativamente com a emoção de uma pessoa.
A Bíblia relata o episódio em que Saul era atormentado por um espírito maligno. O que nos chama a atenção é que as pessoas próximas a Saul sabiam perfeitamente do poder da música, pois disseram: “… busquem um homem que saiba tocar harpa… então ele a dedilhará, e te acharás melhor. Davi tocava a harpa e a dedilhava; então Saul sentia alívio, e se achava melhor e o espírito maligno se retirava dele” (1 Sm 16.16,23). A música foi somente um paliativo para Saul. Ele teria que tratar de causas mais profundas, uma delas sua rebelião a Deus. Saul, entretanto, usou a música apenas como uma terapia de descanso mental. É claro que a música e o louvor afastam os demônios, que era o caso específico de Saul, assunto que costumamos mencionar em nossas pregações.
A música também influencia a natureza. Ora, não apenas o ser humano é influenciado pela música que ouve. A começar pelas plantas. Está comprovado cientificamente que uma planta é sensível ao tipo de música a que está exposta. Numa fita de vídeo (Hell’s Bells) que me chegou às mãos, o autor mostrava os efeitos nocivos do rock sobre as plantas. A experiência em laboratório mostrava um vaso de folhagem murchando ao som da música. Numa outra cena, a mesma planta é apresentada viçosa e imponente ao som de outra música. Montagem? Não. Comprovadamente sabemos que é assim. É algo provado pela ciência. As plantas são suscetíveis ao tipo de música tocada no ambiente em que crescem.
Pesquisas revelaram que as sementes de trigo crescem mais depressa quando expostas à música. No Canadá foi feita uma experiência em que cresceram três vezes mais do que as sementes que não foram expostas à música. Alguns crisântemos cresceram mais depressa que outros e algumas plantas expostas ao rock pesado morreram ao fim de um mês! Folhagens e plantas que ficam expostas a uma boa música, são mais viçosas e crescem mais. Esta é uma experiência que você mesmo pode fazer em casa. Use a música rock, uma música bem pesada num quarto com boa luminosidade e veja ao fim de um tempo como as plantinhas começam a murchar. Faça a mesma experiência depois com música amena e você ficará surpreso!
Mas e que dizer dos animais? Alguns dos grandes criadores de aves têm música ambiental para estimular a produção de ovos! As vacas dão mais leite! Li que quando eram tocados trechos de O Danúbio Azul as galinhas botavam uma maior quantidade de ovos! A experiência deu certo também com a criação de porcos que engordam ao som de música clássica!
A música aperfeiçoa ou distorce o caráter do homem. A Aristóteles atribui-se ter dito que: “emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo; através da música, por conseguinte, o homem se acostuma a experimentar as emoções certas; tem a música, portanto, o poder de formar o caráter e os vários tipos de música, baseados nos vários modos, distinguem-se pelos seus efeitos sobre o caráter, – um, por exemplo, operando na direção da melancolia, outro na da efeminação; um incentivando a renúncia, outro do mínio de si, um terceiro o entusiasmo…” 4 Aristóteles achava que até mesmo o homossexualismo pode brotar na música que a sociedade ouve. Assim, uma pessoa é incentivada à renúncia, outra tem o domínio próprio e ainda outra se entusiasma por causa da música.
Os antigos diziam que a música tem o poder de aperfeiçoar ou distorcer o caráter do homem e que contribui para que uma nação seja honesta ou perversa. Alguns escritores afirmam que a antiga civilização chinesa costumava identificar se o país ia bem ou mal pelo tipo de música e pelo tom em que era tocada.
David Tame comenta que uma vez ao ano o Imperador Shun viajava pela China passando o reino em revista, certificando-se de que tudo estava em ordem em seu território. Mas não era controlando os livros de contabilidade, o estilo de vida da população, ouvindo relatórios ou entrevistando os funcionários do governo. Ele diz: “O Imperador Shun percorria os diferentes territórios e… experimentava as alturas exatas de suas notas musicais…. Mandava vir à sua presença os oito tipos de instrumentos musicais conhecidos na China e ordenava que fossem tocados por músicos. Em seguida ouvia as canções populares locais e as árias cantadas na própria corte, verificando se toda essa música estava em perfeita correspondência com os cinco tons”. 5
O escritor acredita que para os chineses a música era a base de tudo. Conforme a música da nação, assim o estado das pessoas. Música boa, povo bom. Música pornográfica, povo sensual. “A música de uma civilização era melancólica, romântica? Nesse caso, o próprio povo seria romântico. Era vigorosa e militar? Então, os vizinhos dessa nação devem se acautelar. Além disso, uma civilização permanecia estável e inalterada enquanto a sua música permanecesse inalterada. Mas mudar o estilo de música ouvida pelo povo levaria inevitavelmente a uma mudança do próprio estilo de vida”. 6
Mas e o homem? Sim, ele também é afetado fisicamente pelo tipo de música que ouve. Alguns segmentos da psicologia utilizam a música (alguns erroneamente) para tranqüilizar as pessoas. E este é um tema explorado exaustivamente pelos adeptos e profissionais da Nova Era. As pessoas estão sendo atraídas a esta nova religião pelas repostas que lhes são oferecidas no tratamento psicossomático de pacientes. Escolas infantis, creches e cursos preparatórios com influência da Nova Era vêm utilizando a música como uma terapia alternativa. As crianças, cedo, começam o processo de mentalização ainda em creches, com métodos que acalmam e, literalmente, põem a dormir os pequenos infantes.
Desde que a ciência descobriu que a música pode elevar ou diminuir; ajudar e desconcertar, os profissionais vêm utilizando a musicoterapia como meio de tratar os problemas das pessoas, eficácia comprovada pela ciência. Acontece, porém, que nem toda a música utilizada é boa. A condução do processo por pessoas envolvidas com o ocultismo utiliza algumas músicas que levam as pessoas a sair do seu estado normal, entrando no estado alfa. É aqui que a mente da pessoa fica desprotegida, suscetível à operação e à entrada de espíritos malignos.
Bob Larson um ex-roqueiro convertido a Cristo, profundo conhecedor do assunto disse: “Os doutores Earl Flosdorf e Leslie A. Chambers descobriram, numa série de experiências, que sons agudos projetados num meio líquido coagulam proteínas. Recente mania de adolescentes consistia em levar ovos frescos a concertos de rock e colocá-los à beira do palco. No meio do concerto, os ovos podiam ser comidos cozidos como um resultado da música. Surpreendentemente, poucos afeiçoados do rock perguntavam a si próprios o que a mesma música poderia causar-lhes aos corpos” 7
A música rock, especialmente, provoca uma alteração nas batidas cardíacas, afeta a digestão dos alimentos e é perigosa quando se está dirigindo. As arruaças e quebra-quebras comuns nos finais de concertos são evidências claras, noticiadas pela imprensa, da alteração psicossomática que a música produz nas pessoas. Outro escritor faz a seguinte declaração: “a música pode, positivamente, modificar o metabolismo, afetar a energia muscular, elevar ou diminuir a pressão sangüínea e influir na digestão.” 8
Bob Larson explica: “O hormônio adrenalina é lançado na corrente sangüínea durante o stress, a ansiedade ou experiência simulada de submeter-se alguém a um volume anormal de música. Quando isto acontece, o coração bate célere, os vasos sangüíneos se constringem, dilatam-se as pupilas, empalidece a pele, e não raro o estômago, os intestinos e o esôfago são tomados de espasmos. Quando o volume é prolongado os batimentos cardíacos tornam-se irregulares” 9
A música influencia no comportamento da sociedade. O comportamento moral de uma sociedade, deve-se em grande parte à música que o povo ouve e toca. Esta é uma verdade comprovada pelas civilizações antigas e negligenciada em nossos dias. Se as pessoas que trabalham aferindo e pesquisando o comportamento humano levassem em conta o que os antigos diziam sobre os efeitos da música no desenvolvimento de uma sociedade, certamente ouviríamos críticas mais fortes ao tipo de música que se toca no Brasil. O músico Cyril Scott disse que toda “inovação no estilo musical” é seguida, invariavelmente, “de uma inovação na política e na moral”. 10
As músicas cantadas por nossas crianças e nossos jovens estão, indiscutivelmente, contribuindo para a péssima formação do caráter de nossa nação. Músicas com danças sensuais e letras pornográficas já afetaram toda uma geração em nosso país. Músicas que os adultos cantam sabendo perfeitamente do sentido direto e explícito da letra, mas que nossas crianças entoam como se fossem frases divertidas, sem perceberem o sentido imoral e depravador que lhes forma o caráter. Os vários grupos musicais surgidos nos últimos anos no Brasil contribuíram para deformar e aleijar o caráter de toda uma geração. A sensualidade em todas as suas formas e a corrupção, tem na nova música brasileira o fogo que consumiu de maldade a presente geração.
Haja vista a maneira como o carnaval brasileiro trouxe para dentro de nossos lares o nudismo, o homossexualismo, a prostituição e o erotismo. David Tame diz que “os chineses estavam certos de que toda música vulgar e sensual exercia uma influência imoral sobre o ouvinte”. 11 Por isso Confúcio, crítico feroz dos vários estilos de música de sua época afirmava que “a música de Cheng é lasciva e corruptora, a música de Sung é mole e efeminante, a música de Wei é repetitiva e tediosa, a música de Ch’i é dura e predispõe à arrogância”. Entretanto, uma das mais fortes declarações de Confúcio é: “Se alguém desejar saber se um reino é bem ou mal governado, se a sua moral é boa ou má, examine a qualidade de sua música, que lhe fornecerá a resposta”. 12
Assim, toda uma nação pode crescer ou sucumbir conforme a música que tem. À luz do que disseram os filósofos e historiadores do passado, o Brasil está em acelerada decadência moral: a música dos últimos anos é decadente, tem levado os jovens às drogas, ao sexo, ao crime e à decadência moral. A própria mídia apercebeu-se desta verdade. Numa reportagem clara e sem rodeios, uma revista nacional aponta a música baiana como a grande causadora da derrocada moral do Brasil. A música que vem invadindo o território brasileiro é gerada nos centros de candomblé e exportada através dos cantores baianos. Chamada de “sexo-music” pela imprensa, a música brasileira instiga o sexo, o homossexualismo, o adultério e o erotismo.
E que dizer da música rock?
David Tame ao pesquisar os historiadores da música descobriu que todos concordam que as raízes do rock estão na África. Este tipo de música atravessou o Atlântico com os negros que foram trazidos como escravos, especialmente para a América e o Caribe. David Tame diz o seguinte a respeito: “Musicólogos e historiadores não têm dúvidas de que os ritmos de tambores da África foram transportados para a América e ali transmitidos e traduzidos no estilo de música que veio a ser conhecido como jazz. Visto que o jazz e os blues foram os pais do rock and roll, isto significa também que existe uma linha de descendência direta entre as cerimônias do vodu africano, através do jazz, e o rock and roll e todas outras formas de musica de rock hoje existentes”.13 E este mesmo autor acrescenta: “A própria palavra jazz é também de origem africana e supõem-se que se referisse originalmente ao ato sexual. Aliás, é até muito provável que isto seja verdade: não há dificuldade em imaginar a maneira com que a palavra veio ligar-se à música, visto que o jazz cresceu entre os prostíbulos de Nova Orleães… quando, além disso, ficamos sabendo que a expressão, “rock and roll” também foi, originalmente, uma alusão ao ato sexual…” 14
A opinião acima, não é minha, mas de um autor que pesquisou atentamente sobre a origem de certas músicas.
Não é assim que surgiu no Brasil a música funk que prega a rebeldia, o sexo e o uso de drogas? Pelas imagens que se vê na mídia de um baile funk, pode-se ter idéia do que acontece com os que ali dançam freneticamente ao som desse tipo de ruído musical.
Que necessidade haveria da Igreja buscar no mundo a inspiração para a música de seus cultos e da adoração a Deus?
Aguarde o próximo tema.
1 Yehudi Menuhin, em Theme and Variations, Heinemann, 1972
2 Citado em “O Poder Oculto da Música” , Cultrix, p 19
3 Notas do texto na Bíblia Anotada, Editora Mundo Cristão
4 Citado por David Tame, em “O Poder Oculto da Música” , p 19
5 Ibid, p 16
6 Ibid, pp 15, 16
7 Larson, em The Day Music Died, Bob Larson Ministries, 1973, citado na obra de David Tame
8 Julius Portnoy em Music in the Life o Men
9 Citado por David Tame, em “O Poder Oculto da Música” p 39
10 O Poder Oculto da Música, p 26
11 Ibid, p 35
12 Ibid, p 36
13 Ibid, p 205
14 Ibid, p 208
Parabens pelo inteligente comentário!
A pessoas precisam ter conhecimento da qualidade da musica que costumam ouvir, e que manifestações psicofisicas podem exercer sobre elas. Já pensava assim sobre o assunto, mas agora estou mais convicto! vou falar sobre o assunto hoje no culto jovem da minha igreja, peço licença pra estar utilizando seu texto.
Alan Michel
Diretor jovem da IASD