O Rio Grande do Sul está praticamente falido. A governadora eleita, Yeda Crusius não tem muito que comemorar, apenas o fato de ser a primeira mulher a governar nosso Estado. E o Estado não está apenas falido economicamente; com sua agricultura perdendo espaço, com a fuga de centenas de fábricas para outros Estados e para a China, com os anos seguidos de estiagem e falta de água, com os rios apodrecendo matando milhões de peixes… O Estado vai mal. Aqui pagamos o combustível mais caro do país. Aqui temos os mais altos impostos sobre produtos, como eletricidade e telefonia.
E quando se olha para a igreja, ela parece ser o reflexo do Estado, pois a pujança e vigor espiritual estão aquém da igreja das demais partes do Brasil. Em algumas cidades do Estado a igreja é o reflexo do próprio Estado e o Estado reflexo da igreja. Acredito que nessas cidades os pastores não têm muito que comemorar também. E aí me pergunto: a igreja é o reflexo do Estado ou Estado reflete a situação da Igreja?
Existem, sim, igrejas dinâmicas e em crescimento, mas é coisa pontual, isto é, numa cidade ou noutra; de resto, a vida espiritual do Estado também está às minguas.
Depois de analisar este tema de batalha espiritual concluí que um deles sempre haverá de refletir o outro. É uma vida de mão dupla. A igreja e o Estado vão mal. Se a igreja vai mal, o Estado também. O mundo natural sempre refletirá os acontecimentos do mundo espiritual.
Muitos pastores não aceitam o que venho afirmando, talvez por desconhecerem certos pressupostos bíblicos, especialmente o que diz respeito ao homem e a terra. Nas sagradas escrituras sempre que o povo de Deus ia mal, a terra sofria; sempre que o povo seguia atrás de outros “deuses” e desobedecia ao Senhor, o reflexo sobre a agricultura era imediato. Quando o homem é fiel a Deus, a terra se regozija; mas quando o homem desobedece a Deus, a terra sofre.
E sofrem com a terra, primeiramente os miseráveis que se acumulam nas ruas, crianças de cinco e seis anos perambulando tarde da noite, fazendo malabarismos diante dos semáforos em busca de alguns centavos para manter a família ou os vícios. As compras, festas e férias de início de ano servem apenas como maquiagem de um problema que se arrasta por muitos anos.
Os positivistas não acreditam nesta máxima; e pregam que a terra vai mal porque o homem não faz a sua parte. Mas esta afirmativa cai por terra num estado positivista como o Rio Grande do sul onde a maioria dos empresários e políticos é fã dos ensinamentos de Augusto Comte, neste Estado gaúcho em que o positivismo e o humanismo são em si mesmos a grande religião do homem. Se ao menos cressem na Bíblia e nas verdades nela contida, poderiam entender os vários episódios em que terra e céu; homem e Deus interagem nos assuntos da terra. E se não crêem nas escrituras, poderiam olhar a história, e notariam que a igreja e a ciência; as descobertas científicas e o aumento da fé sempre andaram lado a lado.
São muitos os casos bíblicos em que estiagens, falta de alimentos, secas, inundações, tormentas e maldições estão diretamente associadas à desobediência do homem às leis de Deus, e a fé em deuses que nada podem fazer. Ao longo da história é possível perceber que fé e progresso sempre andaram lado a lado, e que os acontecimentos naturais e espirituais também estão lado a lado numa nação. Desordem não combina com progresso.
Enquanto a igreja esteve metida na chamada “idade das trevas”, na ignorância de sua fé, seguindo os valores impostos pela doutrina romana em detrimento da doutrina bíblica; o mundo também vivia na ignorância e nas trevas, quer espirituais ou no conhecimento geral. Depois que a viseira espiritual foi tirada, a visão do mundo científico também foi alargada. Daí que os principais cientistas de toda história sempre foram pessoas que criam em Deus e a ele seguiam.
Os séculos de iluminação na ciência e nas artes foram também reflexos da iluminação espiritual do povo de Deus. Estudando-se a história da igreja percebe-se este progresso, a partir do surgimento de Francisco de Assis, do avivamento no sul da França com os cátaros – tão mal-falados – mas que buscavam uma vida de santidade e comunhão com Deus; prosseguindo até John Wycliffe na universidade de Oxford na Inglaterra, e seus seguidores os Lolardos; a João Hus na Boêmia… Estes últimos, professores das melhores universidades da época, e que deixaram um grande legado de fé para o povo de Deus. A própria reforma Protestante foi fruto do aumento da fé do povo de Deus que conseguiu tirar o véu de escuridão espiritual e intelectual que havia sobre as pessoas da Europa. Martinho Lutero contou com a grande reforma espiritual e intelectual de Wycliffe, de Hus, dos Lolardos e dos “Irmãos”. Anos mais tarde a Inglaterra foi salva pelo evangelho de poder pregado pelos irmãos Wesley e George Whitfield que eliminou com a pregação do evangelho o trabalho escravo; e o mundo passou a ter novas perspectivas a partir dos Irmãos, ou brethem da Inglaterra, da Alemanha e do movimento dos Irmãos da Moravia, ou moravianos.
Ao mesmo tempo em que surgia um novo mundo de artes e invenções, como Da Vinci, Rafael, Miguel, etc., via-se um novo mundo de fé pipocando em toda Europa.
Mais recentemente, no início do século XX, o movimento pentecostal surgiu espontaneamente em várias partes do mundo – e não apenas na rua Azuza em Los Angeles. No final do século XIX havia gente avivada no Canadá, como A.B. Simpson fundador da Aliança Cristã e Missionária, os russos pentecostais que percorriam os países do leste europeu pregando avivamento e o avivamento nos países escandinavos; alguns avivalistas sequer tinham conhecimento do que acontecia na rua Azuza.
Os grandes acontecimentos naturais e espirituais andaram lado a lado no século XX. Em 1914 quando surgiu a primeira guerra mundial, havia pentecostais surgindo por todos os Estados Unidos; perseguidos que eram pela igreja tradicional organizaram-se em denominações ou concílios, surgindo daí as Assembléias de Deus e a Igreja de Deus na América. Os pentecostais – igrejas locais autônomas – sentiram a necessidade de se unir e formar um Concílio para poder fazer frente a perseguição religiosa.
Logo depois do término da Segunda Grande Guerra Deus levantou muitos líderes para a igreja, como Billy Graham, Oral Roberts, T. L. Osborn, e muitos outros; as cidades e a sociedade se erguiam das cinzas da guerra; e a igreja se reerguia também das cinzas de sua inoperância. Ao lado destes, outros homens como J. Price, Tommy Hicks, seguidos por Katryin Kullman acenderam as brasas da fé numa América propensa ao centifismo. Existe um paralelo entre a guerra dos seis dias em 1967 com o movimento carismático mundial; e a a guerra do Yom Kippur em 1973 com o avivamento de muitos líderes denominacionais.
O natural e o espiritual sempre andam lado a lado. Aqui no Estado o natural e o espiritual também estão lado a lado. Uma igreja fraca lança seu reflexo sobre um Estado fraco. A economia vai mal? A economia da igreja também. A vida espiritual dos líderes da igreja vai mal? A dos políticos também!
Algumas pequenas cidades do interior do RS estão à beira da falência econômica; bem como a igreja dessas cidades. Não é apenas o desânimo que toma conta dos comerciantes e políticos de certas cidades do interior; mas também um desânimo sobre os líderes da igreja. Alguns pastores, quais comerciantes bem-sucedidos acumularam capital suficiente para enfrentar a crise; e acomodaram-se também nas poltronas confortáveis de suas denominações e não se preocupam se tem gente para batizar e se o povo está saindo de suas fileiras. Enquanto têm o que comer… Têm também o sustento garantido e a certeza de que o feudo continua protegido.
Percebo que a pequena assistência dos cultos em certas igrejas do interior e a falta de alegria do povo de Deus está em perfeita harmonia. Pouca assistência; pouca alegria. Um conformismo espiritual tomou conta da igreja interioriana e até mesmo aqui da Capital.
Estado e igreja igualmente falidos; sem perspectiva espiritual; afundados em sua crise existencial: o Estado, por não saber mais como agir; e que, no entanto, anda porque existe uma máquina governamental que não pode parar; a igreja, também sem muita perspectiva continua sua marcha, porque algumas denominações mantêm a engrenagem funcionando, a custo de muito sacrifício de seus antigos membros. Outras, prometendo mundos e fundos a quem der a maior contribuição.
Ora, estou certo que é dever da igreja sair de seu marasmo espiritual e levar a reboque a sociedade a novos tempos e a novos empreendimentos. Esta foi a tese de Max Weber de que, os países protestantes progrediram muito mais que os católicos; porque a fé revigorada dos protestantes lhes dava novo ânimo e novas perspectivas; enquanto os países que viviam sob a servidão intelectual e espiritual romana não se desenvolviam. A tese está aí em forma de livro, disponível a qualquer pessoa.
Por que o Rio Grande do Sul vai mal? Porque a igreja não está bem. Por que a igreja não está bem? Porque o povo de Deus também não está bem, e essas duas coisas andam lado a lado: o mundo natural sempre reflete o mundo espiritual. Repito: Jamais esqueçamos que o mundo natural é reflexo do que aconteceu no mundo espiritual; este sempre refletirá sobre o natural.
Enquanto isto, as grandes denominações que poderiam fazer diferença em suas cidades, pelo vigor e vida cristã sadia que mantiveram no passado, estão hoje aprisionadas pelo sistema tradicional; presas às leis apregoadas do púlpito do que se pode e não se pode usar, do que se pode ou não fazer, impondo sobre pessoas uma cultura religiosa onde só existe paralelo entre os que, em várias partes do mundo interpretam à sua maneira os ensinamentos do Alcorão ou da Bíblia. Pois que entre evangélicos e pentecostais também existem os dogmáticos xiitas que condenam os que não vivem segundo regras e preceitos por eles criados. Uns zelando pelo Alcorão, outros, entre os pentecostais xiitas, pela Bíblia…
Que nos resta fazer? Orar, clamando como Habacuque:
Aviva, Senhor a tua igreja! Faze-a sair do marasmo espiritual, do tradicionalismo perverso que prende as pessoas e leve-a a novos tempos de prazer e alegria espiritual.