Esses dias fui chamado para um debate num programa de rádio sobre o Natal onde se discutia se os crentes devem ou não celebrá-lo! Nunca o Natal de Jesus Cristo foi tão questionado como neste ano. No passado, eu também reagi contrariamente a qualquer tipo de celebração do Natal e especialmente do 25 de dezembro, e confesso que ajudei a influenciar esse pensamento negativista sobre o Natal, tudo porque fui buscar meus subsídios teológicos em enciclopédias nada confiáveis, em vez da Bíblia e na história.
No decorrer dos anos comecei a questionar as informações das enciclopédias e deixei-as em segundo plano. Resolvi atentar melhor para o que a Escritura afirma sobre este dia, o que os pais da igreja falaram a respeito, e para a grandeza da hinódia da igreja que escreveu a maioria dos cânticos de Natal, para Jesus e não para papai-noel que nem existia. Você sabia que a maioria dos cânticos de Natal foram escritos por pessoas fieis e sinceras, tocadas pelo Espírito Santo?
Comecemos por partes. Primeiramente, precisamos desvestir a festa do Natal de seus elementos pagãos, e o principal deles é o papai Noel. Creio que a figura do Papai Noel foi introduzida por Belial, o demônio que se especializou em perverter as coisas santas, em tornar impuro o belo e santo de Deus. Levando as pessoas a olharem para Noel, Belial, o perverso demônio, que no dizer de João Milton, não precisa de altares nem de incenso, porque se alimenta de todos os altares, e aspira todos os incensos, desvia a atenção que deveria ser dada a Jesus Cristo o Filho de Deus. Se você conseguir desvestir o Natal da pessoa do Papai Noel expulsando o velhinho barbudo de sua casa, e lançando-o para junto da escória dos deuses pagãos, perceberá que o Natal é lindo e não tão pagão como se pensa. Porque o principal elemento pagão, criado, segundo dizem, pela Coca-Cola ofusca o verdadeiro sentido do Natal.
E este foi o objetivo de Belial: ofuscar o brilho da estrela de Belém!
Em segundo lugar, precisamos enxergar o Natal juntamente com seus elementos bíblicos apresentados pelos evangelistas Mateus e Lucas. Na noite em que Jesus nasceu, uma estrela apareceu e guiou os sábios do Oriente até Belém! Eles levaram quase um ano para chegarem a Belém! A estrela aponta para Jesus, a estrela da Manhã! Um anjo anunciou aos pastores: “Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor”.
Havia também uma manjedoura, ou estrebaria, e um menino recém-nascido envolto em faixas. O mesmo anjo falou: “Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Juntamente com ele apareceu uma “grande multidão do exército celestial, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor”. Portanto, mesmo que não se queira celebrar o dia 25 de Dezembro, não se pode negar que o nascimento de Jesus tem uma estrela, foi celebrado por sábios do Oriente que ofereceram presentes a Jesus, cantado por anjos e pastores! Retirar o brilho da estrela do Natal para que outras luzes brilhem é uma luta que se trava há milênios!
Por que as pessoas têm dúvidas quanto ao Natal? Porque olham para os elementos pagãos e por eles se deixam ofuscar! Mas, se olharmos para os elementos bíblicos veremos o verdadeiro sentido do Natal, até mesmo na árvore enfeitada! Belial, o demônio que consegue alterar o sentido espiritual das coisas de Deus, utiliza-se das luzes para iluminar a face do papai-noel, mas as mesmas luzes que brilham no Natal eram usadas para Jesus.
Este corre-corre em busca de presentes, o comércio e as festas ofuscam o verdadeiro sentido do Natal. Mas nem por isso vamos deixar de ver o Natal pela ótica correta!
O templo de Zorobabel.
A data de 24/25 de Dezembro não foi introduzida no calendário cristão pelos pagãos, ela é uma data celebrada pelos judeus desde a inauguração do templo de Zorobabel, reconstruído por Esdras e Neemias. E os cristãos continuaram a celebrar o 24 de Dezembro, pois nos primeiros tempos não havia uma separação entre judaísmo e cristianismo, era uma só religião. A separação entre judaísmo e cristianismo ocorreu gradualmente ao longo dos dois primeiros séculos, mas a data de 25 de dezembro era tida, também, pelos cristãos, como a da chegada do Templo de Deus ao mundo!
O que aconteceu nos dias de Zorobabel? Quando lançaram as pedras do templo, Deus falou pelo profeta Ageu (e Ageu quer dizer, minha festa): “Agora prestem atenção: de hoje em diante reconsiderem. A partir de hoje, vigésimo quarto dia do nono mês, atentem para o dia em que os fundamentos do templo do Senhor foram lançados. Reconsiderem…” (Ageu 2.15,18). Na versão corrigida a ênfase é maior, porque Deus pede que prestem atenção à data de 24 de dezembro – o nono mês judaico corresponde ao nosso mês de dezembro: “Ponde pois, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor, ponde o vosso coração nestas coisas”.
Este templo, reconstruído por Zorobabel, Esdras, Neemias, Ageu e os demais restauradores, foi destruído por Antíoco Epifânio, que o profanou queimando um porco no altar. Mas Israel reconquistou o governo através de Judas Macabeu que reconstruiu o templo e o reinaugurou ali pelo ano duzentos antes de Cristo. Em que data? Novamente no dia 24/25 de dezembro, ou nono mês do calendário judaico!
A partir desta data, os judeus começaram a festejar o Chanuká ou a festa das luzes. A história registra que os guerreiros liderados por Judas Macabeus limparam o templo e quiseram acender um candelabro de nove velas, mas só tinham óleo para que este ficasse acesso um dia. Por um milagre, as lâmpadas do candelabro ficaram acessas durante oito dias, e durante este tempo eles puderam preparar mais azeite para que o candelabro ficasse para sempre acesso. Daí que na festa das luzes, ou Chanuká, é acesso um candelabro de oito lâmpadas – até o dia de hoje!
É no templo de Zorobabel inaugurado no dia 24 de dezembro que está a origem do Natal de Jesus! Os judeus, acostumados a simbolismos viam no candelabro uma sombra da verdadeira Luz que viria aluminar o Mundo. Hoje muitas igrejas usam um candelabro, e têm de ter em mente que ele aponta para Jesus, a Luz de Deus aos homens! Aliás, todas as figuras do tabernáculo apontam para Jesus e para a igreja. O cordeiro oferecido na páscoa aponta para Jesus, o “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”. O pão, a Cristo. As luzes, para Jesus.
É daí também que procede o costume de se acender muitas lâmpadas – no passado tochas ou velas – e hoje com o advento da eletricidade muitas lâmpadas iluminam as casas e as cidades, cujo sentido aponta para Jesus, a Luz do Mundo. Belial, também acende lâmpadas apontando para papai-noel, mas nós devemos usá-las como símbolo de uma luz que conhecemos: Jesus!
Os primeiros cristãos entendiam que o templo era uma figura de Cristo, e que a luz nele permanentemente acesa também apontava para Jesus, e, de acordo com os pais da igreja – os discípulos dos primeiros apóstolos – acendiam lâmpadas na noite do dia 24 de dezembro – agora no calendário romano, para celebrar a vinda da Luz ao mundo! Confundir a oração de Zacarias com uma celebração da festa mitraica é desconhecer o que a Bíblia diz: “… pelas quais do alto nos visitará o sol nascente, para brilhar sobre aqueles que estão vivendo nas trevas e na sombra da morte, e guiar nossos pés no caminho da paz” (Lc 1.78-79).
O fato do dia 24/25 de dezembro coincidir com o solstício de inverno, data também comemorada pelos pagãos, não anula o fato de que o Templo e as celebrações dos judeus em torno dele também se davam nesta data havia mais de quatrocentos anos antes de Cristo nascer! Afinal, Jesus é o “sol da justiça”, a “luz do mundo” e veio para alumiar os que andavam no vale da sombra da morte!
Clemente de Alexandria (170-220), um dos maiores mestres da igreja, grande opositor do gnosticismo, escreveu que “algumas igrejas comemoram o 25 de Pachon do calendário egípcio (25/03), com o que não há como concordar, pelo fato de que Cristo nasceu sob o regime romano, onde o nono mês judaico corresponde a dezembro; por isso as festividades da vinda de Cristo devem ser realizadas a partir de 25 de dezembro”. Outro líder da igreja, Cosmas (240-300), afirmou: “Evidente está que todos comemoram o nascimento de Cristo no fim do nono mês do calendário judaico (25 de dezembro), como prenúncio do começo do primeiro mês do novo ano do calendário romano”.
Crisóstomo (347-407) usa o texto de Ageu 2.19 para afirmar, que é correta e verídica a opinião de que “os profetas anunciaram a vinda do Messias a partir da data do seu nascimento, que caía no inverno como também está escrito: “Semeadura não existe; nem videira, figueira, romeira, e oliveira tem frutos; mas deste dia em diante vos abençoarei”, o que mostra e comprova que Deus se utiliza até da natureza para exemplificar o que ele faz e quando o faz, e é por isso que de forma clara e positiva estabeleceu a vinda do seu Filho ao mundo junto ao solstício”.
Ele também se pronunciou sobre o natal numa de suas cartas dirigida às igrejas, mencionando que “o nascimento de Cristo é comemorado em todo o ocidente desde a Trácia até Cadix (da margem leste do mar Negro a Cades na Espanha) há muito tempo. Esta festa é conhecida como a Festa de Cristo, até mesmo em Roma, onde ela é festejada, pois os que lá se encontram a festejam, por ser uma data transmitida pelos antepassados, daqueles que nos passaram o seu conhecimento” (referindo-se à comprovação da data, e aos dados bíblicos da fundamentação de acordo com o profeta Ageu).
Ele também faz menção dos argumentos claros e bíblicos dos Bispos das igrejas ocidentais, a grande parte das igrejas orientais passou a festejar o natal em 25 de dezembro. – Crisóstomo era Presbítero (Bispo) de Antioquia, e mais tarde foi ordenado Bispo (Arcebispo) em Constantinopla.
Depois de analisar as profecias de Ageu e o que afirmaram os pais da igreja, só nos resta solicitar a todos que lancemos o Natal no lixo! Mas lancemos no lixo o Natal pagão que desvia o foco da humanidade para apenas festas, presentes, papais-noéis e luzes. Que fique o verdadeiro sentido do Natal: Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores!
Além do mais, recomendo aos cristãos que joguem no lixo os cânticos entoados a Papai-Noel e que entoem novamente os grandes clássicos que o Espírito Santo deu à igreja, mantendo entre nós viva a esperança de dias melhores em que Jesus a verdadeira luz iluminará a terra!
Quando Franz Grubber escreveu “Noite de Paz” não foi para Papai-Noel que até então não havia sido criado pelo comércio. Na fria noite de 24 de Dezembro num pequeno vilarejo da Áustria, impedido de sair da cidade pelo volume de neve, o autor escreveu uma das melodias mais cantadas do mundo. O fato de pagãos a cantarem, e de servir para vender eletrodomésticos com o papai-noel, não tira o mérito de que foi escrita para Jesus!
Pegue as músicas “Eis dos anjos harmonia, paz na terra ao rei Jesus”, “Surgem anjos proclamando”, “Ó Vinde Fiéis triunfantes e alegres” e restaure-as na hinódia da igreja! Não jogue os cânticos de Natal no lixo. Jogue o papai-noel, e expulse Belial, o perverso demônio. Ele já deturpou o Natal e agora está levando uma parte da igreja a esquecer o Natal, como se fosse totalmente pagão. Para Belial, melhor será que o Natal jamais esteja relacionado a Jesus! E isto está conseguido até mesmo na igreja!