Salmo 89

Introdução:

Ofereço aos meus leitores, a seguir, um resumo do Salmo 89. Um esboço que pode ser usado e pregado – por bons pregadores, é claro. O Salmo deve ser estudado conforme os versículos agregados em conjuntos, ou parágrafos. Afinal, se em apenas um versículo prega-se um sermão, estes 52 versículos podem muito bem gerar 10 sermões. Estude-os!

Intitulado, o Masquil de Etã, esraíta. Este é um salmo de instrução, de ensinamentos. Existem treze salmos de ensino ou masquil.

O autor pode ter sido Eta, um dos cantores citado juntamente com Hemã e que aparece com seu outro nome Jedutum (1 Cr 16.41,42; 25.1, 3, 6) e era descendente de Judá (1 Cr 2.6). Ou pode ter sido alguém que viveu nos dias de Davi e agora vê a família dele dividir o reino nos dias de seu neto Reoboão. Ou pode ser alguém do período do cativeiro da Babilônia. O importante aqui é que este é um salmo instrutivo.

Etã era tido como um grande sábio, apenas Salomão foi mais sábio que ele (1 Rs 4.31).

É um Salmo com 52 estrofes, ou versos, e podemos dividi-lo assim:

V. 1 – ações de graças eternas – “Cantarei para sempre”.

“Ainda que confusões de toda sorte levem as pessoas a se desesperarem, as muitas facetas da misericórdia de Deus induzem-nas a confiarem em Deus, ainda que aos olhos das demais não haja razão para se confiar mais em Deus” (Comentário de Gênova).

Vv. 2-4 – Etã louva a Deus pela fidelidade de Deus a Davi

“Cantarei para sempre as tuas misericórdias, ó Senhor; os meus lábios proclamarão a todas as gerações a tua fidelidade”.

1. Misericórdia e fidelidade. As duas coisas têm a ver com o caráter de Deus. Costumamos louvar a Deus pelo que ele faz, e raramente o louvamos por aquilo que ele é. Quando o louvamos pelo que ele é, entramos em contato com sua soberania, com o direito de Deus em ser o que é.

2. A fidelidade de Deus é diferente da fidelidade do homem. Nós deixamos de ser fieis a nossos amigos, a nossos pais, ao nosso cônjuge por qualquer coisa. Deus é sempre fiel.

Vv. 5-18 – Etã louva a Deus por sua fidelidade

Etã repete o mesmo tema da fidelidade de Deus nos seguintes versículos.

a) A fidelidade de Deus é cantada pelos anjos do céu. “Ó SENHOR, os céus cantam as maravilhas que fazes, e, reunidos, os anjos cantam a tua fidelidade” (v.5).

b) A fidelidade é “marca registrada” de Deus: “… com a tua fidelidade ao redor de ti” (v. 8).

c) Justiça e direito são o fundamento do trono de Deus (v. 14).

d) O povo que conhece a Deus pode vibrar de alegria (15-18).

Vv. 19-37 – Etã lembra a Deus de sua aliança a Davi.

O messianismo do Salmo:

A partir do versículo 19 pode-se observar que se trata de um Salmo messiânico, porque o autor fala de Davi, mas aponta, sempre para o Filho de Davi, Jesus.

Salmos 89.19: “Outrora, falaste em visão aos teus santos e disseste: A um herói concedi o poder de socorrer; do meio do povo, exaltei um escolhido”.

Que é este herói? Está apontando para Jesus: Hebreus 7.25: “Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles”.

Isaías 63.1: “Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes de vivas cores, que é glorioso em sua vestidura, que marcha na plenitude da sua força? Sou eu que falo em justiça, poderoso para salvar.

No versículo 20: “Encontrei Davi, meu servo; com o meu santo óleo, o ungi”.

Lucas 4.18: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos…”.

a) O caráter de Deus é visto no pacto que fez a Davi, quando disse: “A minha fidelidade e a minha bondade o hão de acompanhar, e em meu nome crescerá o seu poder” (v. 24 e 33).

b) Quando Deus decide honrar uma pessoa tudo dá certo com ela (21 ss).

Versículo 27: “Fá-lo-ei, por isso, meu primogênito…”.

Versículo 29: “Farei durar para sempre a sua descendência; e, o seu trono, como os dias do céu”.

Versículo 36: “A sua posteridade durará para sempre, e o seu trono, como o sol perante mim”. Obviamente que está falando de Cristo! Como diz Isaías 53.10: “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado, verá a sua posteridade e prolongará os seus dias; e a vontade do SENHOR prosperará nas suas mãos”.

“Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno, que não passará, e o seu reino jamais será destruído” (Dn 7.13-14).

Vv. 38-51 – Etã lamenta a visitação de Deus

A partir do v 38 há uma mudança no cântico. Etã lamenta que Deus tenha agido diferente com Davi. Veja bem: Deus dissera que iria punir os filhos de Davi com vara, mas que jamais deixaria de usar com ele de misericórdia. E chegou a jurar por isto (vv 35-37).

Mas, por que Etã se lamenta do que ocorreu depois? Ele louva tanto a Deus por sua fidelidade a Davi e depois lamenta o destino que teve Davi. O que aconteceu? Será que Deus não foi fiel com sua palavra a Davi?

a) O pacto de fidelidade nunca é unilateral: existem compromissos de ambas as partes. Deus é fiel. Nós temos que ser fieis.

b) Deus não volta atrás, mas nossa desobediência impede que ele cumpra em nós o que prometera.

c) Quando desobedecemos a Deus ele nos deixa seguir o caminho que escolhemos. Por isso, propõe aos judeus: “Se ouvires a voz do Senhor… todas estas bênçãos de alcançarão” (Dt 28.2). Ou como afirma Isaías, Deus nos abandona e ficamos perdidos (Is 63.17).

Portanto, a fidelidade de Deus jamais muda, o que muda somos nós que quebramos o pacto da aliança feita em Cristo Jesus.

V. 52 – Ações de graças eternas “Bendito seja o Senhor para sempre. Amém”.

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