Os próximos oito Salmos fazem parte da estrutura do primeiro livro dos Salmos que tratam da vida do homem na terra. Conforme apresentamos anteriormente, tal estrutura teria sido arranjada por Esdras. Muitos teólogos tentaram encontrar razões do por que tal estrutura, mas nenhum deles apresenta uma razão ponderável.
O estudante deve refletir sobre estes primeiros oito salmos tendo em mente que a primeira parte da estrutura deste livro trata do “O homem e o Filho do Homem”. Veja a estrutura apresentada anteriormente.
Passemos, agora ao estudo de cada um dos oito primeiros salmos que apresento sob duas perspectivas: a técnica e a reflexiva. Refiro-me a reflexiva, como uma meditação que se faz e lições que se tira de cada um deles. Aqui a imaginação de cada leitor corre solta. Cada pessoa retira a lição ou reflexão que quiser, e sempre vou apresentar a meditação de um ou outro autor sobre cada salmo.
Salmo 1
Este Salmo começa com “Bem-aventurado” (1.1). Vale observar que o Salmo 2 termina com a mesma expressão: “Bem-aventurado”. Isto é, felizes são os que…
Três palavras se destacam no Salmo 1: Andar, deter-se e assentar-te. São três etapas ou situações na caminhada cristã.
1. Andar, conselho e ímpios, dá uma idéia de continuidade.
2. Deter-se, caminho e pecadores, que traz a idéia de ter alguma coisa consigo, e
3. Assentar-se, assento e escarnecedores, que traz a idéia de estacionar, de parar à roda dos que escarnecem de Deus e de seus filhos.
Deixo a seguir para meus leitores o que encontrei no The Preacher’s Homiletic Commentary: 1
“Este Salmo foi posto como o primeiro de todos, porque por seu caráter e tema representa uma introdução a todos os demais salmos. Trata da bênção do justo, e a miséria do ímpio, temas que se repetem em todo o livro”.
Na reflexão que faz do Salmo o Rev W.L.Watkinson usa três estruturas. A primeira parte ele trata das bênçãos, e na segunda, das maldições ou resultados negativos, e na terceira, os resultados em si. O leitor pode conferir:
I. A vida abençoada.
A) O secreto de uma vida abençoada (v 1).
1) Uma relação correta com a vontade de Deus. “O seu prazer está na lei do Senhor”.
2) Uma relação de amor à lei de Deus. “O seu prazer…”. Para esta pessoa a lei não é uma carga pesada a ser carregada, mas um prazer.
3) Uma relação correta com a inteligência da lei de Deus. “Na sua lei medita de dia e de noite”.
B) O retrato de uma vida abençoada (v 3).
1) A certeza de que a bênção está bem alicerçada: “Plantada junto a corrente de águas”.
2) As manifestações dessas bênçãos. A pessoa piedosa é conhecida pela beneficência de sua vida.
3) A perpetuidade das bênçãos. Ele está plantado em local fértil, junto a fontes de água.
4) A universalidade das bênçãos. “e tudo quanto ele faz será bem sucedido” (v 3). Seus frutos são conhecidos.
Watkinson apresenta também uma estrutura para a segunda parte do Salmo 1. “Existe um clímax ao fim de cada expressão. Assim, as três primeiras, andar, assentar-se deter-se, são seguidas de três outras negativas: ímpios, pecadores e escarnecedores”.
II. O erro do ímpio e seu estilo de vida. “Andar no conselho dos ímpios” (v 1). A palavra original para ímpio aqui tem o sentido de pessoa independente de Deus, solta. O ímpio sempre tenta se justificar.
A) Como é a vida do ímpio.
1) Detém-se no caminho dos pecadores.
2) Assenta-se com os escarnecedores.
B) Os resultados de uma vida iníqua. Abençoado é o homem que não caminha no conselho do ímpio. Este versículo nos lembra do seguinte:
1) A natureza insinuada do pecado. Ela penetra no coração.
2) A natureza prolífica do pecado. Um pecado leva ao outro.
3) A natureza amaldiçoada do pecado. Traz miséria e morte.
III. Os resultados.
A) O destino diferente das pessoas. O justo floresce, o ímpio não.
B) O destino das pessoas depende de seu caráter moral e de sua conduta. “Os perversos não prevalecerão no juízo” (v 5).
C) O destino das pessoas é resultado da somatória de seu caráter. Ele é como a palha que o vento dispersa. Não permanece.
Por fim, apresento a tradução do Salmo 1 pela Editora Séfer: 2
Bem-aventurado o homem que não segue os conselhos dos ímpios, não trilha o caminho dos pecadores e nem participa da reunião dos insolentes; mas, ao contrário, se volta para a Lei do Eterno e, dia e noite, a estuda. Ele será como a árvore plantada junto ao ribeiro que produz seu fruto na estação apropriada e cujas folhagens nunca secam; assim também florescerá tudo que fizer. Quanto aos ímpios, são como o feno que o vento espalha. Nem eles prevalecerão em julgamentos, nem os pecadores na assembléia dos justos; pois o Eterno favorece o caminho dos justos, enquanto o dos ímpios os conduz à sua ruína.
The Preacher’s Commentary on the books of Psalms, Vol 1, New York, Funk and Wagnalls Company, 1892 pp 1 e 2
Salmos com tradução e transliteração, Editora Sêfer