A religião legalista é perigosa. Eis como detectar e evitar o veneno do espírito religioso.
Depois que Elias subiu aos céus, Eliseu, seu substituto foi à cidade de Jericó e realizou seu primeiro milagre. A cidade enfrentava um problema ambiental. A água era tóxica, talvez por ser sulfurosa e contaminada com outras propriedades químicas da natureza que caíram sobre a vizinha Sodoma anos antes. O veneno da água tornava a terra estéril e possivelmente contaminava as pessoas, animais e as plantas. Veja 2 Reis 2.19-22.
Eliseu ousadamente fez um ato profético. Jogou sal na água e declarou: “Assim diz o Senhor. Eu purifico essas águas, e agora não haverá mais morte ou improdutividade na terra” (Tradução livre). Sua declaração trouxe vida à fonte de Jericó.
Este relato obscuro do Antigo Testamento nos fornece um quadro do poder do evangelho. A mensagem de Jesus Cristo nos cura. O Espírito Santo traz vida onde antes reinava a morte. Ele neutraliza os venenos que provocam a esterilidade espiritual. Ele traz equilíbrio ao nível de Ph para que haja crescimento espiritual e vitalidade.
Todos nós queremos uma vida espiritual saudável. A verdade, no entanto, é que estamos estéreis devido a aditivos perigosos. Passamos a crer num evangelho diferente – enlaçado no legalismo, e cuja performance é uma salvação pelas obras – quando somente Cristo é nossa fonte de vida.
O próprio Jesus se referiu a essas toxinas como “o fermento dos fariseus” (Lc 12.1). Ele nos disse que o tipo de religião dos fariseus, que gostavam de valorizar o exterior era mortalmente perigoso. Você está contaminado? Faça seu próprio teste de Ph examinando-se à luz dessas oito características do espírito religioso.
1. O espírito religioso vê Deus como uma pessoa fria, dura e distante, em vez de um Deus acessível e Pai amoroso. Quando nosso relacionamento com Deus é baseado em nossa capacidade de cumprir com as obrigações espirituais, negamos o poder da graça. Deus não nos ama porque oramos, lemos a Bíblia, frequentamos a igreja ou testificamos, no entanto, milhões de cristãos pensam que Deus fica triste quando não praticamos tais coisas corretamente. Consequentemente, lutam tentando um relacionamento íntimo com Jesus.
2. O espírito religioso enfatiza o que é exteriorizado, na tentativa de tornar a pessoa aceitável por Deus. Enganamo-nos crendo que podemos receber a aprovação divina cumprindo regras religiosas, certas disciplinas espirituais, estilos musicais diferenciados ou até mesmo posições doutrinárias.
3. O espírito religioso cria tradições e fórmulas para o cumprimento de alvos espirituais. Valorizamos e confiamos em nossa maneira de cultuar, nas regras denominacionais ou nos programas feitos por homens na tentativa de obter resultados que só Deus pode outorgar.
4. O espírito religioso deixa as pessoas tristes, cínicas e críticas ao extremo. O que pode fazer com que uma igreja ou uma família fiquem completamente amargas. E então, quando o verdadeiro amor e a verdadeira alegria aparecem, surgem como uma ameaça aos que perderam a simplicidade da fé.
5. O espírito religioso deixa uma pessoa orgulhosa e isolada dos demais, crendo que possui uma justiça especial que não lhe permite associar-se aos demais irmãos que possuem comportamentos diferentes. Igrejas assim tornam-se elitistas e perigosamente vulneráveis ao engano e a práticas ocultas.
6. O espírito religioso desenvolve uma atitude dura e judiciosa sobre os pecadores, e está comprovado que os que criticam a todos costumam ficar envenenados pelo mal contra o qual lutam, mas não o admitem a ninguém. Os religiosos raramente interagem com os não-crentes porque não querem que sua superioridade moral seja contaminada por estes.
7. O espírito religioso rejeita a revelação progressiva e recusa as mudanças. Eis a razão por que muitas igrejas se tornam irrelevantes para a sociedade. Agarram-se tanto ao que Deus fez cinquenta anos atrás que ficam congeladas no tempo, e não podem se mover quando o Espírito Santo começa a trazer novos ventos. Quando os grupos religiosos se recusam a mudar na nova direção de Deus, tornam-se velhos odres, e Deus precisa encontrar odres novos e flexíveis para mudar as coisas.
8. O espírito religioso persegue os que não concordam com seus pontos-de-vista de justiça, e deixa as pessoas azedas, porque a mensagem da graça ameaça minar sua religiosidade. Religiosos azedos costumam fofocar e manchar o caráter dos demais, e chegam até mesmo a usar da violência para provar que estão certos. Jesus alertou seus discípulos de que alguns, pensando agradar a Deus poderão até matar o seu próximo (Jo 16.2).
Se o veneno da religião contaminou seu caminhar com Deus, peça a Deus que abra seu entendimento para afastar a esterilidade de seu espírito – e depois aguarde o fluir de uma nova vida em você.
Por J. Lee Grady, Charisma Magazine).
Tradução: Pr. João A. de Souza Filho