A globalização é um tema que ultimamente vem sendo analisado e discutido entre estudantes e líderes evangélicos e, na maioria das vezes apenas seus aspectos negativos são abordados. Carecemos, como cristãos, de um esclarecimento a partir de uma abordagem bíblica e histórica para entendermos até onde seremos levados pela globalização, o que não é possível realizar num artigo como este.
No lado negativo da abordagem, a mídia tem destacado as manifestações anti-globalizantes em todo o mundo, geralmente feitas por pessoas que vivem em países de primeiro mundo e, portanto, as mais beneficiadas economicamente com a globalização. Fala-se no aumento da pobreza, do desemprego, do domínio de marcas e patentes, da dominação comercial de sementes para o plantio, etc. como os grandes causadores das crises mundiais.
Aqui em Porto Alegre onde resido, a militância de esquerda não mede esforços em sua tentativa de barrar tudo o que exale ou tenha cheiro de globalização, a começar pelo foro mundial realizado para confrontar o foro globalizador que aconteceu em Davos, na Suíça. Dominado pela esquerda, com abordagens inteligentes e racionais, o foro não contabilizou a importância da globalização nos empréstimos que a mesma esquerda capta, sempre que pode, para levar adiante seus projetos econômicos e sociais.
Em contrapartida, ao recusar a instalação de uma montadora de automóveis que, a reboque traria outras quinze empresas para o estado, e ao recusar dar incentivos a empresas genuinamente gaúchas de ampliarem suas instalações, o mesmo governo que incentiva todo e qualquer protesto contra a globalização colabora para que os efeitos negativos incidam sobre a população, como a falta de geração de novos empregos.
Ideologia globalizada
Não se questiona aqui os malefícios da globalização apenas na área econômica e social. O que se questiona é que a reboque da globalização alguns males estão sendo colocados na base da sociedade, que certamente impedirá o avanço do evangelho nas próximas décadas e que deverão ser estudados atentamente pela liderança da igreja. O lado pervertido da globalização é a ideologização da população que acarretará seriamente a vida da igreja em nosso estado e no país.
Precisamos estudar com profundidade a questão da globalização do pensamento ideológico; o que antes era levado à força a partir de 1917 com a revolução socialista, hoje é implantado com sutileza na mente das pessoas. Há 13 anos no poder a esquerda utiliza de muitas sutilezas para angariar o apoio das comunidades da cidade.
Aqui no estado, por exemplo, a imprensa vem denunciando a ideologização da polícia militar que assistiu, sem interferir, na destruição do relógio da Rede Globo sobre os 500 anos de descoberta do Brasil, assunto que vem sendo investigado pela Assembléia Legislativa e sobre a não interferência da polícia em atos de violência e protestos não apenas durante o foro social, mas também sobre quaisquer manifestações públicas.
Logo no início do governo de Olívio Dutra como prefeito de Porto Alegre, um chamado sem-terra teria degolado um policial militar, sendo imediatamente acolhido nas dependências da prefeitura, assunto muito divulgado pela mídia na época! Outro aspecto reside na cartilha que as crianças aprendem na escola no ensino fundamental, dizem, de orientação marxista, de peças culturais em teatros infantis em que a rebelião é instigada desde cedo na vida das crianças, como a que assisti na TVE/rs em que os protagonistas cantavam e ensinavam uma cantiga infantil em que a letra dizia: hay gobierno! Soy contra!
Com amplo espectro negativo à presença da igreja, a última lei aprovada pelo governo federal do uso da terra que beneficia aqueles que residem há tempos em determinada área e impedem o abuso de donos de terras, medida bastante positiva, que, em contrapartida afeta a igreja, já que esta precisará ter a aprovação dos moradores do bairro para se instalar em certas áreas da cidade.
Se uma comunidade liderada por alguém contrário à presença da igreja decidir que o templo não é bom para o bairro, esse não poderá ser construído; mas se decidir que outro tipo de construção é aceitável, terá a aprovação do município para a liberação do projeto! Tem sido assim com a lei do silêncio: nossos templos são constantemente vigiados enquanto os tambores e os gritos das escolas de samba varam a madrugada! Nossos legisladores cristãos ainda não se aperceberam do que poderá acontecer daqui em diante.
Abordagem bíblico/histórica.
A dominação econômica mundial é apenas um dos aspectos da globalização em que o FMI é o principal ator. Às vezes não percebemos que alguns poucos são os que têm o poder de trazer uma quebradeira mundial. Um George Soros pode tirar seus investimentos do Brasil e deixar o país com um problema a mais a ser resolvido.
Quando a bolsa de Tóquio está em baixa, afeta imediatamente os países do Ocidente; se a Turquia cai, leva os demais países a caírem. A Argentina, em pré-falência levou o Brasil a recorrer novamente ao Fundo Monetário para se proteger, como alguém que precisa de um escudo protegendo-se dos estilhaços de uma bomba!
A partir da Segunda Grande Guerra vários elementos globalizadores entraram em cena; não apenas a ONU mas também o FMI. São organizações criadas com boas motivações. O Banco Mundial foi criado em 1944 para evitar uma nova depressão econômica como a que ocorreu em 1929.
O FMI começou a operar em maio de 1946 com 39 países membros. Ultimamente foi criado o Euro, a nova moeda européia que passará a circular em quase todos os países europeus. A ONU foi criada visando a preservação da paz mundial, mas a cada dia uma guerra eclode em algum lutar do planeta!
A globalização, no entanto, precisa ser vista sob a ótica da Bíblia e da história. As guerras “mundiais” eram esforços para a globalização dos impérios. O livro de Ester abre com essa frase: “Foi no tempo de Xerxes, que reinou sobre cento e vinte e sete províncias, desde a Índia até a Etiópia.” Pegue um mapa mundial e veja a extensão do seu reino!
Quando Hamã decidiu vingar os judeus usou dos recursos da globalização da época – ginetes rápidos – e programou o extermínio da raça para um ano depois! Hoje, tudo aconteceria em questão de minutos! Seu vizinho recebe as ordens pela internet. A noite de São Bartolomeu em que 20 mil protestantes foram assassinados poderia ser mais trágica nos dias de hoje!
O império romano globalizou o mundo da época. O latim e o grego passaram a ser falados em todos os países. Vê-se, pela Bíblia, que até mesmo em Israel o grego e o latim eram falados ao lado do aramaico. “JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS. Muitos dos judeus leram a placa, pois o lugar em que Jesus foi crucificado ficava próximo da cidade, e a placa estava escrita em aramaico, latim e grego” (Jo 19.20).
Vê-se, pois, que Deus utilizou a globalização do império romano para levar adiante seus propósitos. Seu nascimento em Belém foi possível devido a um decreto globalizador. Roma havia construído estradas, muitas existentes até o dia de hoje que levavam a todos os cantos do mundo.
Estradas que ligavam a Europa, via Turquia, pela Síria, subindo para o norte, atual Rússia, descendo para a África, indo até a Etiópia e, seguindo pelo crescente fértil, o vale do Tigre/Eufrates chegava à Índia! Estradas, cultura e idioma foram meios da globalização para que o evangelho fosse pregado a todo o mundo conhecido da época. Até mesmo os bárbaros, assim chamados por não falarem o grego, foram alcançados!
A ótica escatológica
A ótica escatológica pode nos induzir ao erro, mas quando analisamos as questões mundiais à luz dos acontecimentos previstos nas Escrituras com seriedade e sem sermos tendenciosos, ficamos surpresos com o que a Bíblia diz a respeito.
Por exemplo, o triunfalismo pregado por muitos não tem base bíblica, não apenas à luz do que aconteceu com a igreja nos primeiros séculos, mas também quando visto escatológicamente, já que o próprio Deus permitirá que seus escolhidos sejam perseguidos e derrotados por um tempo.
Analisando-se a questão pela ótica escatológica, percebe-se que a globalização permitirá o avanço do evangelho, se for bem aproveitada levará a igreja a ser mais unida, integrando os irmãos em todas as partes do mundo. Hoje, podemos depositar um dinheiro na conta de um missionário brasileiro e este o receberá do outro lado do mundo; bastará apenas usar as vantagens da globalização: seu cartão do banco!
O que demorava três meses no passado, leva segundos! Da mesma forma uma carta missionária pedindo oração leva pouco tempo até nosso computador. Já podemos orar ao mesmo tempo com a pessoa num outro país, basta que haja um computador ligado na WEB em ambas as pontas! Antes de vermos os efeitos negativos da globalização, precisamos aproveitar seus aspectos positivos para a igreja.
Obviamente, todo avanço científico, econômico e tecnológico usado pelas forças do mal, terá conseqüências terríveis; nas mãos dos agentes do bem, trará benefícios e prosperidade. A longevidade aumentou no Brasil. Meus antepassados viviam, no máximo 50 anos; seus descendentes, hoje, beiram os noventa!
É o que acontecerá com o uso da genética, da clonagem de plantas, animais e pessoas. Quando usados cientificamente para o bem, proporcionará melhor saúde, longevidade e melhor qualidade de vida. Hoje existe mais alimentos disponíveis no mundo inteiro; o que falta é uma distribuição dos grãos aos povos mais pobres.
De acordo com a FAO 824 milhões passam fome no mundo, muitos deles aqui no Brasil! Como expressou muito bem o diretor-geral da ONU para a Alimentação e Agricultura, Jacques Diuf isso acontece pela falta de vontade política dos países! Quero abordar esse tema e seus benefícios à luz da Bíblia num outro artigo.
Quando todo o progresso da ciência cair nas mãos de um homem mau, dominador, a serviço de Satanás, então a globalização permitirá que a Escritura uma vez mais se cumpra na terra. As telecomunicações que usamos com fim proveitoso, poderão ser usadas para o mal. A economia mundial que poderá trazer benefícios a todos os países, mau direcionada trará falência e destruição.
Assim, analiso positivamente o foro social de Porto Alegre, já que este serve de freio para Davos, até que o relógio de Deus dispare o alarme final! Falei sobre isso num artigo publicado em minha página e na Bíblia World Net.
O maior perigo ainda não detectado pelos líderes da igreja é o da globalização da ideologia e a fomentação de leis que irão, certamente, inibir a presença do evangelho não apenas no Brasil, mas em todo o mundo cristão!
A ideologia formata a mente como se fosse um disco rígido de computador. Felizmente o bom vírus do evangelho, o poder de Deus, pode desfragmentar essa mente e torná-la terreno fértil para o evangelho de Cristo!