“Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele” (Joel 2.17).
Nestes últimos dias o Brasil vem sendo sacudido com denúncias de todo tipo. Pelo que se depreende das reportagens que se assiste todos os dias pelos meios de comunicação, a corrupção alcança cifras milionárias. E nem o partido do governo escapou. Tido como modelo de ética e de transparência o PT decepcionou. Mas, não quero falar de política e de corrupção nas mais altas câmaras da política de Brasília; basta o noticiário diário que nos provoca asco e nojo de tudo o que acontece.
Quero falar da igreja. Porque esta, pelo jeito, corre perigo, não de ser execrada pelos homens, de ser julgada pela sociedade, mas por Deus. Ou pelo menos aqueles que se dizem igreja, mas dão péssimo exemplo à sociedade. Os discípulos fiéis ao Senhor Jesus não têm do que se envergonhar, mas devem corar de vergonha porque a frase escrita na frente dos templos, Jesus Cristo é o Senhor, não retrata a verdade! Frase que contrasta tristemente com o estilo de vida daqueles que, dizendo-se cristãos e seguidores de Cristo são pegos transportando milhões de reais a bordo de aviões – dízimo do povo! Pelo valor transportado em uma simples viagem até Brasília pode-se ter idéia da movimentação financeira do grupo religioso.
Estou perplexo com o que está acontecendo com a igreja brasileira. Pastores outrora tão poderosos em obras e poder são vistos acariciando as poltronas do poder comprometendo-se com o sistema político; atraídos pelo dinheiro e pelo bem-estar, enquanto as pobres ovelhas de seus rebanhos sofrem espiritualmente. Igrejas cujos cultos em época eleitoral tornam-se palanque para cata de votos. Outros metidos em organizações secretas; denominações controladas por meia dúzia de líderes que loteiam as igrejas entre si e seus correligionários… Meu Deus! Só em pensar, tenho que parar de escrever e dobrar meus joelhos para clamar. Como o profeta do Antigo Testamento fico em minha torre de vigia, na fortaleza, “para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa”.
Quando ouço Deus me dizer o que fará com a igreja brasileira, meu íntimo se comove, “pois em silêncio, devo esperar o dia da angústia que virá contra o povo”. Não bastassem as denúncias contra pastores publicadas na imprensa, acusações de pedofilia, de abuso sexual e de adultério, agora aflora em todo o país a idéia de que somos ricos, que nadamos em dinheiro, que vivemos no conforto financeiro. Etc. Mas as malas, sim, as malas de dinheiro não me saem da cabeça, porque retratam o estado espiritual da igreja. O episódio de Brasília apenas trouxe à tona o que acontece todos os dias pelo Brasil a fora. Denominações e grupos eclesiásticos deleitando-se com o poder financeiro, com a vida nababesca que o poder concede.
A igreja da era do rádio e da tevê que precisa angariar milhões de reais todos os dias para pagar seus programas, ilude e se deixa iludir pelas riquezas e pelo poder temporal. E muitos pastores e evangelistas que começaram bem, estão terminando mal!
E na torre de vigia ouço Deus dizer: “Mas o justo viverá pela sua fé”. E como o profeta replico: “Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado”. Sim, estou alarmado com o crescimento ilusório da igreja; com a falta de qualidade espiritual dos membros, e de como os pastores se iludem com as multidões e com o poder. E eu imaginava que estávamos entrando numa era de avivamento! Essa gente toda que se aperta em alguns templos não é fruto de avivamento, mas gente à procura de seu próprio bem-estar. E os pastores precisam delas para costurar suas alianças político religiosas com o poder!
E como o profeta, ainda consigo ver pela fresta da esperança que Deus está chegando! Sim, “Deus vem de Temã, e do monte de Parã vem o Santo. A sua glória cobre os céus, e a terra se enche do seu louvor” (Hc 3.1-3).
Felizmente, como o bálsamo que alivia as dores, assistimos a celebração do Diante do Trono enchendo os céus de Porto Alegre com hinos de louvores a Deus! Os deuses cultuados por religiões pagãs tremeram e fugiram para seus esconderijos quando a multidão tomou conta das águas que lhe são consagradas, e perceberam, esses deuses, que são impotentes diante de uma igreja dinâmica, corajosa e vencedora!
E ainda houve aqueles que se opuseram à vinda do grupo a Porto Alegre! Ali não havia malas de dinheiro, mas corações comprometidos com o Senhor!
O cântico do profeta pode ser parafraseado assim:
Ainda que eu não tenha dinheiro… que o carro seja velho, que a comida seja simples e frugal, todavia, eu me alegro no Senhor, exulto no Deus da minha salvação. Ele me faz andar altaneiramente, de cabeça erguida, de coração puro e de consciência limpa!
Pastores! O juízo irá começar logo, logo, na Casa de Deus!