Na década de 1980 um amigo meu de São Paulo ministrou por toda parte a respeito da música subliminar, isto é, letras que apareciam quando o LP era tocado de trás para frente. Naquele tempo, meus filhos eram fãs do Balão Mágico, um grupo que encantava as crianças, participantes do programa da Xuxa. As crianças ficaram tão impressionadas quando ouviram o LP de trás para frente e com a letra satânica que ali aparecia, que quebraram seus discos de vinil. Pois outro dia acessei o YouTube para assistir uma música de Roberto Carlos, Jesus Cristo eu estou aqui, que, tocada para trás afirma que Jesus era gay.
Não estou muito preocupado com letras subliminares que aparecem nos CDs, nem quero ser investigador particular de tudo que é músico, porque elas, por si mesmas não afetam tanto o emocional das pessoas quanto a própria música. Por isso, preocupam-me duas coisas: o poder subliminar que a música exerce sobre o inconsciente das pessoas, e o desconhecimento que os líderes de louvor e os pastores têm quanto a influência da música, pois esta afeta diretamente a vida emocional e espiritual das pessoas. Não é por acaso que ao longo destes últimos 25 anos escrevi cinco livros na área do louvor, um deles, Cânticos, ou Mantras, – o que estamos entoando em nosso cultos? já esgotado e sem chances imediata de reimpressão, em que abordo os perigos com certos tipos de mantras entoados pelos irmãos.
O que todos devem saber é que, antes de mais nada, a música é energia. E, sendo energia ela tem o poder de influenciar para o bem ou para o mal. Como diz David Tame em seu livro O Poder Oculto da Música, a música tem o poder de elevar o homem para cima ou para baixo. Quando percebi esta verdade, tratei de encontrar nas escrituras sagradas o sentido de energia, do grego energema, palavra grega que Paulo usa para falar de poder, realizações e eficácia, aliás, traduzida na maioria das vezes como eficácia no Novo Testamento. De acordo com os comentaristas W.E. Vine e James Strong, energia é algo que procede de Deus ou de Satanás, nunca da natureza do homem. O que implica dizer que o poder que alguns têm – para expressar no culto – só têm duas vertentes: Deus ou o Diabo. Nunca do próprio homem.
Pitágoras, Platão e Aristóteles, filósofos gregos, analisaram profundamente a influência da música na sociedade. Eles descobriram que existe uma íntima relação entre a moral de um povo e a música que entoam, o que levou um músico contemporâneo a afirmar que “a música cria ordem a partir do caos… a melodia impõe continuidade ao descosido e a harmonia impõe compatibilidade ao incongruente”. Sim, os antigos filósofos, incluindo Confúcio na China sabiam que a música pode trazer ordem ou desordem, pode cooperar para o bem ou para o mal e influir até mesmo na sexualidade humana. Ela afeta a saúde, influencia a natureza e pode afetar na construção do caráter do ser humano. Pode-se analisar, portanto, que o tipo de música de uma sociedade influencia diretamente no caráter e no comportamento de seus cidadãos.
Esta descoberta levou Aristóteles a afirmar que “emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo. Através da música, por conseguinte, o homem costuma experimentar as emoções certas…” Depreende-se daí que algumas coisas que acontecem nos cultos são meramente almíferas – da alma – influenciada pela música que é tocada. Rimos, choramos, reagimos positiva ou negativamente, cantamos, dançamos e prostramo-nos por causa do tipo de música que temos em nossas reuniões.
A Aristóteles atribui-se ter dito que: “emoções de toda espécie são produzidas pela melodia e pelo ritmo; através da música, por conseguinte, o homem se acostuma a experimentar as emoções certas; tem a música, portanto, o poder de formar o caráter e os vários tipos de música, baseados nos vários modos, distinguem-se pelos seus efeitos sobre o caráter, – um, por exemplo, operando na direção da melancolia, outro na da efeminação; um incentivando a renúncia, outro domínio de si, um terceiro o entusiasmo…” Aristóteles achava que até o homossexualismo pode advir da música que a sociedade ouve. Assim, uma pessoa é incentivada à renúncia, outra tem o domínio próprio e ainda uma outra se entusiasma por causa da música.
Os antigos diziam que a música tem o poder de aperfeiçoar ou distorcer o caráter do homem e que a música tem o poder de contribuir para que uma nação seja honesta ou perversa. Alguns escritores afirmam que a antiga civilização chinesa costumava identificar se o país ia bem ou mal pelo tipo de música e pelo tom em que era tocada. “A música de uma civilização era melancólica, romântica? Nesse caso, o próprio povo seria romântico. Era vigorosa e militar? Então, os vizinhos dessa nação devem se acautelar. Além disso, uma civilização permanecia estável e inalterada enquanto a sua música permanecesse inalterada. Mas mudar o estilo de música ouvida pelo povo levaria inevitavelmente a uma mudança do próprio estilo de vida”.
À luz do que os filósofos descobriram podemos imaginar o estado de nossa nação e até mesmo o da igreja atual pelo tipo de energia que algumas músicas emanam todos os dias.
É um tema vastíssimo. Mas, fica aí um pequeno resumo para você refletir.