Em Levítico 16 encontra-se a descrição do sacrifício anual do povo de Israel em que dois bodes morriam: Um deles era morto e seu sangue levado para o santuário; o outro era levado para o deserto afastando para bem longe os pecados do povo.
Em suas leis, o povo de Israel expiava seus pecados nos bodes; em outras nações o bode expiatório poderia ser o rei, um príncipe, um magistrado, alguém conhecido que era sacrificado para aliviar a consciência da nação. Ou se penitenciar diante dos deuses. Por exemplo, o rei de Moabe ao perceber que perderia a guerra contra Israel, sacrificou seu filho primogênito sobre o muro, quem sabe, buscando ajuda de seu deus.
“Vendo o rei de Moabe que a peleja prevalecia contra ele, tomou consigo setecentos homens que arrancavam espada, para romperem contra o rei de Edom, porém não puderam. Então, tomou a seu filho primogênito, que havia de reinar em seu lugar, e o ofereceu em holocausto sobre o muro” (2 Rs 3.26,27).
Hoje se vê com tristeza que a prática de sacrificar um bode expiatório continua. Exemplo disso é a declaração de Caifás em relação a Jesus que continua se cumprindo no meio político e eclesiástico.
“Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, advertiu-os dizendo: Vocês não sabem de nada, nem entendem que é melhor para vocês que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação […]. E não apenas pela nação […]” (Jo 11.49,52).
Ele profetizava sobre a morte de Cristo, homem inocente que foi sacrificado e como bode expiou no deserto os pecados da nação.
O mesmo vem se repetindo ao longo da história da humanidade. Pessoas inocentes são levadas por algumas lideranças ao “deserto” para morrerem, numa tentativa de calar a voz do inocente, aliviando, assim, a consciência de seus ministérios e da igreja que dirigem; diga-se, dos poderosos.
Na política brasileira o bode expiatório será alguém inocente que é perseguido e preso por dar sua opinião, fato que está ocorrendo constantemente. Na política eclesiástica alguém inocente precisa morrer, especialmente se suas ideias conflitam com a igreja que frequenta, porque afinal, as consciências precisam ser purificadas à custa de algum sacrifício.
Ao longo de meus sessenta anos de ministério fui bode expiatório várias vezes, porque as ideias revolucionárias, ainda que bíblicas conflitavam com os interesses dos líderes. E continuo observando ótimos obreiros serem “sacrificados” porque são jovens revolucionários de Deus.
Assim como os israelitas trataram os profetas e crucificaram a Jesus, hoje também pessoas serve de bodes expiatórios para satisfazer a sina de grandeza de alguns líderes.