Pastores na política
Desde as eleições de 1988 quando foi aberta a corrida para cargos democráticos, não houve muita mudança a favor da sociedade; ao contrário, houve um aumento acentuado da pobreza, da violência e da maldade; poucas foram as situações em que os líderes “evangélicos” mudaram o rumo político da nação.
Desde então, o ministério pastoral vem sendo mal representado por aqueles que se dizem ministros de Deus nas esferas municipais, estaduais e nacional. Em nada o povo foi aliviado dos pesados impostos, da falta de segurança, de atendimento médico-hospitalar; nenhuma voz profética se arvora em benefício do povo, e quando o faz, é quase sempre buscando benefício eleitoral.
Sempre que um colega pastor decide por cargos eleitorais, recomendo-lhe a leitura de “O Príncipe”, de Maquiavel. Quem sabe, lendo e entendendo o que ele escreveu, poderia mudar de ideia, permanecendo na vocação divina, no conselho de Deus na terra.
Nesse seu tratado, Maquiavel aconselha que, para ter êxito, o regente deve “aprender a não ser bom”, recorrendo a falsas aparências, violências e métodos imorais, quando necessário. Foi essa postura que inspirou o termo maquiavélico em que o político recorre à trapaça, à manipulação e à corrupção para alcançar fins vantajosos. Entrar na política sem ler Maquiavel ou Montesquieu, é ignorar o destino que o aguarda, é desconhecer que, nos corredores do poder, o povo é desprezado pelos próprios políticos que elegeu.
O bom nome de Cristo vem sendo sistematicamente manchado por pastores e líderes denominacionais que se envolvem na política. Que Deus tenha misericórdia de tais pessoas.
Entenda que os que são tidos como grandes humanistas da história, como Thomas More, autor de Utopia foram os que ajudaram a mandar para a fogueira aqueles que defendiam a verdadeira fé e o bom nome de Jesus Cristo. Assim, procure preservar em seu ministério o vigor profético, o cheiro do povo, a unção de Deus, sem jamais se deixar corromper pelo sistema mundano.
Quando um pastor se candidata a cargo político deve entregar sua credencial, renunciar ao pastoreio da igreja, e se candidatar sem o nome “pastor”, porque políticos com nome de pastor têm escandalizado o bom nome de Cristo. A igreja e especialmente a classe pastoral têm sido motivo de chacota dos ímpios. Meus amigos da vizinhança já me olham com olhares diferentes! E conhecem bem meu estilo de vida! Meu querido pastor: Renuncie ao título de pastor, de evangelista ou de que quer que seja e se candidate como um ser comum, porque, nós pastores representamos perante a sociedade os assuntos do céu; e a classe política pastoral tem manchado o bom nome de Cristo!
Um pastor é preso por meter a mão no dinheiro público; outra é julgada mandar matar o esposo, e por aí vai!
Vendo tanto pastores se candidatando a cargos políticos fiquei a imaginar com os meus botões:
– O que leva um pastor a entrar na política? Seria por querer ascensão social ou por desespero financeiro? Será que alguns deles têm complexo messiânico, isto é, que foram chamados para, através da política, mudar a sociedade? O que leva um pastor a largar o cajado, deixar as ovelhas no campo e entrar na política?
Assim como os pastores se suicidam, pondo fim à sua vida, estes que entram na política não estariam cometendo suicídio espiritual?
Não seria uma fuga do chamamento, do compromisso assumido com Deus e uma fuga de si mesmo? O que há na política que consegue atrair tantos pastores? Não estariam esses pastores vivendo sob influência de um espírito maligno, mundano e mamônico, da mesma forma que esses espíritos influenciam alguém a cometer suicídio? Ou estarão esses pastores políticos sob a influência de Belial, o pior dos demônios? O que houve com esses pastores que não suportaram a árdua tarefa de cuidar das pessoas, mas conseguem se submeter à árdua tarefa de viver nos meandros escuros e sujos da política?
E por que tem de entrar na política usando o título ministerial? Certos pastores desonram o nome de Cristo na política quando usam seu título ministerial. Existe um projeto na Câmara para que nenhum político use o título profissional, seja de pastor, padre, missionário ou profissão qualquer na frente do nome.
Eu tenho muitos pastores amigos que estão na política; respeito o posicionamento deles, mas confesso que eles abriram mão do cajado e seguram agora numa das mãos o livro da constituição brasileira. Deixaram o livro sagrado, por um livro feito por pessoas comuns. E eles sabem muito bem do meu posicionamento cristão a respeito.
Acredito que, apesar de terem título de pastor, nunca foram pastores de rebanho de verdade. Eram conferencistas, palestrantes, cantores e viajantes gospels que nunca tiveram cheiro de ovelha, que pregavam o evangelho visando lucro e fizeram da pregação um comércio. Certamente são pessoas que nunca foram vocacionadas por Deus para o ministério cristão ou pensaram que Deus as vocacionara, quando ele nunca as chamou para o pastoreio.
A verdade é que, quando a fonte de recursos desses pregadores e cantores seca ou quando a unção se vai – se é que tinham alguma unção de Deus – há que se buscar uma saída honrosa para se ter um meio de subsistência.
Às vezes penso que são homens que, propositalmente fizeram se engajaram no trabalho religioso da igreja e fizeram dela a plataforma para se engajarem na política. Se assim é, usaram o nome de Cristo de má fé e vituperaram o bom nome de Cristo usando a igreja como trampolim material. Não estou afirmando que cristãos deixem de se candidatar, mas sim que os que se dizem pastores, deixem de usar o nome de pastor, missionário, apóstolo ou o que quer que seja e não falem em nome da igreja e de Cristo! Estão maculando o bom nome de Cristo!
Agora, às vésperas das eleições vejo com tristeza outros pastores tirando proveito do nome de Cristo para engajamento político. Adquiriram renome como pregadores e usam desse nome para daí em diante buscar ascensão social. Que Deus tenha misericórdia deles.
A defesa deles é de que, em Brasília ou na Assembleia Legislativa impedirão a aprovação de leis contra a igreja. Ora, nosso Senhor Jesus Cristo nos chamou para pregar o evangelho, o arrependimento e para trabalharmos na edificação e construção do seu reino na terra, nunca pela via da política, mas pela transformação dos corações do povo.
Muitos de vocês, pastores, que gastaram sua vida no campo político, cedo ou tarde reconhecerão que perderam os melhores anos de suas vidas a serviço do nada, quando poderiam ter gasto suas vidas a serviço de Cristo! Vocês até poderão usar os melhores planos de saúde que o cargo lhes oferece, descansar aposentado nas águas azuis e verdes do Caribe, possuir residência na Flórida, mas ouvirão de Deus: “Nunca os conheci”.
É possível que Deus levante irmãos com vocação profissional para a política; deixe-os atuar neste campo, porque o campo de você, pastor, deveria ser outro: O do cuidado com o rebanho de Cristo. “Multidão e multidão no vale da indecisão”, como denunciou o profeta, e você fugindo de seu compromisso espiritual com o rebanho de Deus. Se você, pastor entrou na política é porque nunca foi, de fato, chamado por Deus para o ministério. Se vocacionado foi, arrependa-se e volte para o redil de ovelhas!
Você faz perguntas que, ou já conhece as respostas e não admite, ou NÃO QUER MESMO saber, pq as respostas revelam o que o envergonha. Suas falas e “ensinos”, até permeados de alguma verdade em Cristo, só revela sua fome insaciável por aplausos mas sem nenhum apetite para a Verdade. Vou orar por você, irmão, para que seja encontrado pelo Único Bom Pastor, se essa for a vontade de Deus.