Dicas práticas para perceber e curar os sintomas de um AVC espiritual

1. Reconheça que você está se tornando um crente velho, rabugento, que não suporta o que é novo e relevante tanto cultural quanto espiritualmente.
Como falei no artigo sobre denominações que sofrem de AVC, os membros dessas igrejas só pensam no antigo.
A primeira reunião que fiz para o pessoal da terceira idade aqui na igreja foi chamada de “culto da latinha”. Minha esposa e eu levamos uma latinha de refrigerante para cada pessoa que ali compareceu.
Somente no final da reunião os irmãos entenderam o sentido da latinha. É que os velhos sempre se recordam de sua cidade, da vida que tinham em sua igreja, dos tempos da mocidade, e costumam dizer: “Em minha cidade, no meu tempo de jovem lá tinha muito poder; lá tinha muita unção etc. Fizemos um apelo a que esqueçam as coisas que para trás ficam e avancem para as que diante de nós estão… É possível que quatro gerações convivam numa mesma igreja, desde que nenhum deles sofra de AVC espiritual. Existem jovens que têm mente de velho; nunca se renovam. E existem velhos que fazem questão de nunca se renovar.
2. Reconheça que você não consegue entender a geração de hoje, portanto, coloque-se no lugar dela.
Aqui vai uma palavra aos mais velhos da igreja: Não faz muito tempo que você também era jovem e reclamava que não era entendido pelos mais velhos da igreja nem por seus pastores. Também me lembro disso. Era chamado pelos pastores velhos de “pastorzinho de calças curtas”, insinuando que eu era ainda um menino. De fato, comecei no ministério ainda menino, com dezessete anos, ao longo dos anos fui mal-compreendido e o que me fez vencer foi o chamamento de Deus e a vontade de ver uma igreja restaurada.
E, por não ser entendido, durante um ano me foi cassada a permissão de pregar, dirigir louvores e tive que deixar tudo o que eu fazia. Cortaram-me o salário. Não me colocaram pra fora dos cargos ministeriais por haver pecado, mas porque era altruísta e visionário; não aceitava costumes antigos no vestir; e porque os cultos que eu dirigia e ministrava a palavra de Deus; cultos da mocidade eram mais freqüentados do que os cultos de domingos a noite. Fiquei um ano sentado no banco da igreja. Consegui um emprego de secretário bilíngüe, sem poder pagar meu aluguel; fui morar com meus sogros; e, porque tinha sonhos e objetivos espirituais, um ano depois dei início a primeira Comunidade Cristã aqui no Brasil.
Por isso entendo as novas gerações e fico entusiasmado com o trabalho que pastores jovens desenvolvem com coragem, formando seus próprios ministérios e seguindo adiante na obra do Senhor. Como falei no artigo sobre AVC algumas denominações perdera uma geração inteira de jovens nas décadas dos anos setentas e oitentas e continuam a perder por insistirem na velha tradição de ter cultos nos moldes dos anos vintes e trintas.
Alegro-me sobremaneira com pastores jovens dessas denominações que corajosamente desafiaram o sistema e não se deixaram abater pelo AVC espiritual. Apenas coloco-me hoje como guardião da fé e dos ensinamentos apostólicos, pois sei diferenciar o que é doutrinário do que é cultural.
Um dos meus alunos de Escola Dominical, filho de pastor, que na ocasião tinha 13 anos de idade, já está completando sessenta anos de idade. Pastoreia uma denominação jovem e dinâmica. Seus pares são todos jovens. Ele, mais que ninguém também entende os jovens. É possível evitar o AVC espiritual.
3. Perceba o sintoma do AVC quando você quer que se cante nos cultos apenas os hinos dos hinários ou os cânticos do tempo da sua juventude.
Não estou falando de ritmos, conjuntos musicais nem de estilos de música. Porque posso pegar qualquer hino do hinário e colocar nele ritmo de samba, pagode e usar até o ritmo de valsa, comum nos hinários, para dançar, se assim o quiser. Mas, percebe-se o sintoma do AVC quando o crente faz questão de não aprender a nova canção. Sei que é difícil aos ouvidos acostumados a vida toda a ouvir melodias européias ouvir as melodias dos novos cânticos, mas experimente entrar no fluir da música e deixar que a letra fale ao seu coração.
Não me refiro aqui às letras mal-escritas, sem conteúdo bíblico, sem teologia, porque existem estes tipos de canções que predominam hoje nas igrejas, mas me refiro a letras bíblicas, ainda que a melodia não seja do meu gosto! Se você está sempre saudoso dos velhos hinos compre os CDs e os ouça em casa, no carro, no trabalho, mas não atrapalhe o mover do Espírito Santo que tem usado novas letras e novas canções para levar a igreja a uma vida de santidade e poder.
Quando se escuta algo que não se entende costuma-se dizer, “acho que estou ficando velho”, e, está mesmo! Medique-se logo, pois o AVC espiritual está mui próximo. Por outro lado, costumo dizer aos pastores jovens: Vez que outra escolham alguns hinos antigos que se encaixem no que o Espírito Santo está dizendo para a igreja e tragam para a congregação cantar. Os hinários têm hinos lindíssimos, mas também têm hinos não bíblicos; da mesma forma os cânticos modernos têm hinos que são simples e lindos e outros incantáveis, isto é, que não se consegue cantar.
4. Reconheça que você está fisicamente velho e que precisa passar o bastão.
Se você é pastor treine os jovens. Não adianta você gastar seu tempo treinando homens com mais de sessenta anos de idade. Podem ser bons colaboradores, mas não possuem mais a energia nem o pique necessário para trabalhar as vinte e quatro horas do dia. Treine os jovens. Decepção?
Mas, não se esqueça que quem mais decepciona na igreja são aqueles velhos obreiros que estão na “fila” e já envelheceram esperando sua oportunidade.
Claro que você ficará decepcionado aqui e acolá, mas, lembre-se: Todos os discípulos do grupo dos Doze de Jesus eram da idade dele ou com menos idade ainda.
Sabe por que aqueles doze apóstolos revolucionaram o mundo? Porque eram cheios do poder de Deus e, cheios de vigor físico. Podiam viajar longas distâncias a pé, dormir ao relento, sofrer açoites, passar fome, porque seus corpos agüentavam o cansaço e o sono. Mas, querido pastor, seu colega de setenta anos de idade tem de saber que precisa abrir espaço para a geração que está vindo atrás dele, e não pode ficar alimentando sonhos de querer ser seu substituto.
São situações que experimento diariamente. O pastor a quem me submeto tem 42 anos de idade; eu não tenho a energia que ele tem para pastorear; mas, quando eu tinha a idade dele passava noites acordado, viajava 40 horas de ônibus, sem comer, sem dormir e tinha energia para uma partida de futebol entre uma palestra e outra. Hoje, sei qual é meu espaço na igreja e nem por isso perdi minha autoestima. No entanto, quando fazemos nossos retiros de pastores consigo manter o ritmo deles. Inda que meu corpo reclame!
Nada de AVC espiritual. Atualize-se!
Sei que é preciso que nos atualizemos na tecnologia, nas comunicações modernas, no novo mundo virtual sem que para isso percamos o carisma e o poder.
Avante! Prossiga! Levante-se dessa zona de conforto e aceite os desafios de uma igreja mais contemporânea. Uma igreja que tem ensinamento antigo que nunca envelhece, mas estruturas novas que suportam o tempo em que vivemos!

One thought on “Dicas práticas para perceber e curar os sintomas de um AVC espiritual

  1. Amem!!! Glória a nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, que pelo Seu Espírito trouxe esta reflexão ao seu coraçao pastor Jõao! Definitivamente o amor está esfriando onde deveria estar pegando fogo: nas igrejas…

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