Li atentamente e estudei o livro Great Leaders of the Christian Church em que o autor destaca 64 grandes líderes que mudaram a história da igreja nesses últimos dois mil anos.
Obviamente que existiram muito mais que estes! Pedro, Paulo e João se destacam entre os líderes do primeiro século, e tantos outros se destacaram ao longo da história da igreja cristã.
O que caracterizava a vida de cada um dos grandes líderes da história?
Convém destacar alguns fatos.
Primeiro. Esses homens tinham uma visão de sua missão ou propósito. Evangelismo, ensinamento, defesa da fé etc.
Esta característica é bem definida nestes primeiros três apóstolos. Jesus lhes deu uma missão, e eles saíram a campo para cumpri-la. Aos apóstolos e discípulos que o viram a última vez no monte da Oliveiras ele ordenou: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mt 28.19-20).
Sempre fico me perguntando por que os apóstolos não terminaram sua vida apostólica num resort da Galileia ou numa casa de campo no Mediterrâneo? Afinal, não é este o sonho dos pastores presidentes de Igrejas? Comprar uma terrinha, ter uma chácara, aposentar-se e ficar cuidando da terra, aguardando o dia da morte… Raramente encontro um pastor que pense diferentemente. A maioria deles lá pelos sessenta e cinco anos de idade começa a gastar seu tempo na chácara, plantando e criando bichos!
Não estão errados, de maneira alguma; estão certos, porque, afinal, com uma boa aposentadoria da igreja – sim porque a igreja continua a lhes pagar o salário quase integral, mais a aposentadoria privada e a do INSS dá pra pensar num futuro tranquilo!
Mas, onde está o desvio? O desvio está em que se acomodaram numa igreja local e perderam o foco das missões mundiais. Por que não se dedicar, com a ajuda da igreja local a viajar e ajudar a preparar obreiros além-mar? É a melhor “aposentadoria”.
Pedro tinha uma missão: Pregar o evangelho aos judeus; Paulo a missão de levar o evangelho aos pagãos. Esta foi a missão que Deus lhe deu:
“Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés, porque por isto te apareci, para te constituir ministro e testemunha, tanto das coisas em que me viste como daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para lhes abrires os olhos e os converteres das trevas para a luz e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que recebam eles remissão de pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim. Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial, mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento” (Atos 26.16-20).
Mais tarde resumiu assim seu ministério: (Jesus) “o qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; para isso é que eu também me afadigo, esforçando-me o mais possível, segundo a sua eficácia que opera eficientemente em mim” (Cl 1.28-29).
Paulo tinha uma missão! Ele não gastaria hoje seu tempo se distraindo com programas de tevê, com redes sociais e; na medida do possível usaria esses instrumentos para cumprir com sua missão, e não como divertimento. Ele gastava o tempo que fosse preciso para levar uma pessoa a se tornar perfeita em Cristo!
Segundo. Esses homens impunham a si mesmos uma vida de disciplina pessoal para atingir o propósito. Por que a disciplina pessoal? Porque ela faz que a pessoa não fuja do propósito para o qual foi comissionada.
Destaco aqui a questão das disciplinas.
a) A primeira das disciplinas é a da mente ou disciplina mental, conforme Romanos 12.1-2 e 2 Coríntios 11.3 em que Paulo fala sempre da “mente”. Renovem sua mente, como a dizer, voltem a meditar no propósito de sua vida; não permitam que Satanás enganem vocês com sutilezas como o fez com Eva. Fiquem ligados a Cristo e a simplicidade de vida dele. E pode-se dizer que a disciplina mental tem duas esferas básicas: Renovação da mente, lendo, aprendendo, atualizando-se e renovação da mente trazendo para a consciência a Pessoa de Cristo e seus ensinamentos. Não se deixar afastar da simplicidade que era a característica principal de Cristo.
b) A segunda é a disciplina da meditação, que inclui oração e estudo. Pastores há que não param para refletir uma verdade cristã; um texto bíblico, sequer para ter tempo em oração e meditação. Esta disciplina é fundamental para que o líder não deixe de ser ortodoxo, reto na doutrina e firme com a palavra de Deus. Tem a habilidade também de levar o homem a uma maior intimidade com Deus – sem que seja preciso recorrer a música e hinos para exercitar sua espiritualidade. Apenas a intimidade com Deus em oração, meditação, oração, reflexão e busca da verdade.
Terceiro. Vida de devoção a fé.
No Novo Testamento, tanto Paulo quanto Pedro usam repetidas vezes a palavra “piedade” em seus textos. Eusebeia, a palavra grega para piedade tem o sentido de dedicação ao extremo. Dedicação a Deus e ao próximo sem reservas.
O que Paulo queria dizer com “grande é o mistério da piedade?”
“Evidentemente, grande é o mistério da piedade: Aquele que foi manifestado na carne foi justificado em espírito, contemplado por anjos, pregado entre os gentios, crido no mundo, recebido na glória” (1 Tm 3.16). Piedade não é o mesmo que ter compaixão; não é o mesmo que ter pena de alguém alcançando-lhe um prato de comida e um cobertor. Piedade é entrega total. Foi isto que Jesus fez por nós! Dedicação ao extremo.
“Exercita-te, pessoalmente, na piedade. Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser” (1 Tm 4.7-8).
Paulo está afirmando que em comparação com a prática da piedade o exercício físico não tem valor algum. Sim, porque no exercício físico o pouco proveito que se tem é pessoal, físico; na prática da piedade o exercício é permanente, social e eterno afetando nossos semelhantes e a Deus.
“Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade… Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas; antes, segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão” (1 Tm 6.3,11).
A doutrina do evangelho tem duas balizas fundamentais: Ensinar conforme as palavras de nosso Senhor Jesus e conforme a piedade. Por que? Porque um evangelho sem a prática social, sem entrega total a favor do próximo não é o evangelho de Cristo. Todo evangelho pregado com o fim de trazer benefício pessoal não é de Cristo, porque renega essas duas premissas: Não representa as sãs palavras de Cristo e não existe entrega total a favor do próximo e a Deus.
Pedro também falou sobre piedade e conectou esta palavra a “doação” ou entrega de Cristo a favor dos homens: “Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude…” (2 Pe 1.3).
Conforme a carta de 2 Clemente XIX.1 “eusebéia é uma palavra mais abrangente que teosobéia, e quase tem a equivalência do latim pietas, que significa alta consideração pelos superiores, sejam homens ou deuses, enquanto que teosobéia se restringe a Deus. No entanto, no NT eusebéia sempre é uma referência a Deus, e tem a ver com submissão e honra; e em relação ao homem, entrega total.
Eusebéia, como se vê pelos versículos acima citados é a palavra característica das epístolas pastorais.
No conceito pastoral de hoje piedade tem a ver com dedicação extrema, devoção a Deus e ao próximo, daí que ao longo dos anos surgiram os pietistas, pessoas consagradas a Deus e ao próximo sem reservas. Spanner foi um dos fundadores desse movimento cujo berço foi a igreja Luterana.
A piedade é cercada de mistério no sentido de que não se consegue entender como Deus em sua infinita misericórdia decide enviar seu Filho para resgatar a humanidade perdida. A verdadeira dimensão da piedade (teosobéia) é difícil de ser entendida pela mente humana. Acredita-se que Paulo ao entender um pouco desse plano eterno tenha exclamado o texto de Romanos 11.33: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento…”.
A união do crente com Cristo através da morte e da ressurreição torna-o um novo homem e como nova criatura deve viver. Nas epístolas pastorais, no entanto, a justificação pela fé e a comunhão com Deus são o pano de fundo. Por um lado, piedade, como adesão a igreja, aparece como garantia da verdadeira doutrina (o ensinamento conforme a piedade) [1 Tm 6.3]. O conhecimento da verdade que é conforme a piedade (1 Tm 3.16); o conhecimento da verdade que é conforme a piedade (Tt 1.1). Por outro lado, piedade se demonstra pela prática de boas obras e pela vida de santidade e respeito (1 Tm 2.2; 4.7).
Devoção, como estilo de vida inclui adoração (nas suas formas desdobráveis como oração, intercessão, socorro ao próximo) e dedicação a Deus.
Um devoto se entrega totalmente ao objeto de sua devoção, que inclui meditação na palavra de Deus. Nas religiões o devoto cumpre cabalmente com seus compromissos com seus santos, seus credos e dogmas.
Um devoto possui vida de solitude, isolamento, jejuns e orações. O que o leva a ter uma vida de introspecção, examinando-se constantemente à luz da palavra de Deus e de sua consciência.
Concluindo: Cada pessoa, em sua época, recebeu um tipo de missão e a ele se dedicou fielmente.
1. Paulo: Pregador aos gentios
2. Justino Mártir: Defensor da fé
3. Irineu: Adversário dos gnósticos
4. Orígenes: Estudioso e ascético
5. Atanásio: O alicerce da ortodoxia
Ex. João Wesley (1760) exigia que todos os seus obreiros estudassem duas horas do grego por dia; ele mesmo se levantava às 4 e meia da manhã para iniciar usa devoção a palavra e ao estudo.
Pontualidade nos compromissos. Os metodistas foram assim chamados devido a pontualidade e ao seu programa de ensino. Os clubes bíblicos.
Vida de oração. No diário de João Wesley é comum ele dizer. Atendi a fulana de tal. Oração. Visitei sicrano. Oração.
Nas páginas seguintes o leitor encontrará os principais líderes cristãos em cada época da história da igreja:
Do ano 1 ao ano 300 d. C.
Pedro
Fundador da Igreja
Paulo
Pregador aos gentios pelo mundo todo
João
O final da era apostólica
Inácio de Antioquia
Bispo de Éfeso
Justino Mártir
Defensor da fé
Irineu
Adversário dos Gnósticos
Do ano 300 ao 600
Tertuliano
Escreveu a teologia ocidental
Orígenes
Mestre e ascético
Cipriano de Cartago
Líder da igreja do norte da África
Atanásio
O pilar da ortodoxia
Basil, o Grande
Monasticismo Oriental
Os primeiros monges
600 ao ano 1000
Jerônimo
Mestre da Bíblia
João Crisóstomo
Pregador Mestre
Agostinho de Hippo
Filósofo e Teológo
Leão, o Grande
Papa pioneiro
Patrício
Missionário aos Irlandeses
Columba
Missionário aos Escoceses
Gregório, o Grande
Líder na igreja medieval
Ano 1000 a 1400
Bonifácio
Apóstolo aos germanos
Alcuino
E o Imperador Carlos Magno
Anselmo de Canterbury
Pastor e pensador
As cruzadas
Guerra pela conquista de Jerusalém
Bernardo de Clairvaux
Santo medieval
1400-1700
Pedro Abelardo
Mestre e teólogo
Monasticismo medieval
Thomás Becket
O conflito entre a igreja e estado
Papa Inocente III
O poder papal
Francisco de Assis
E os ideais franciscanos
Thomás de Aquino
Mestre e teólogo
João Wycliff
A estrela matutina da Reforma
Catarina de Siena
Mística espiritual
João Hus
Reformador Tcheco
Martinho Lutero
Reformador Alemão
Zwinglio
Terceiro Homem da Reforma
Willian Tyndale
Tradutor da Bíblia para o Inglês
João Calvino
Reformador da Europa
Thomas Cranmer
O começo do anglicanismo
Inácio de Loyola
Fundador dos Jesuítas
Religiões na Europa nos anos 1600-1700
Francisco Xavier
Missões católicas
Menno Simons
Reformador Radical e os menonitas
João Knox
Reformador Escocês
Teresa de Ávila
O misticismo católico
Blaise Pascal
Pensador Cristão
John Owen
Reformador Alemão
João Bunyan
O Peregrino
George Fox
Fundador dos Quakers
Philip Jakob Spenner
Pietismo
Jonathan Edwards
Avivalista e teólogo na Nova Inglaterra
João e Carlos Wesley
Fundadores do metodismo
George Whitefield
Evangelista inglês
Willian Wilbeforce
O abolidor da escravatura
Willian Carey
Pai das missões modernas
Elizabete Fry
E a reforma prisional
Ano 1700 a 2000
Charles Finney
Reavivalista
George Müller
Filantropo dos Irmãos (Líder dos Irmãos)
Soren Kierkegaard
Teólogo e o existencialismo
David Livingstone
Explorador e missionário
C. H. Spurgeon
Príncipe dos Pregadores
Dwite L. Moody
Avivalista e ganhador de almas
B. B. Warfield
O avivamento calvinista
Karl Barth
A nova ortodoxia
Dietrich Bonhoefer
A luta contra Hitler
C. S. Lewis
Defensor da Fé
Billy Graham
Evangelista moderno
Francis Schaeffer
Fundador da Comunidade L’Abri
As linhas em branco são propositais. Pela fé, escreva ali o seu nome e em que você contribuiu para a vida da igreja.