A nova função social dos avós

Introdução:

Com o esfacelamento da sociedade as famílias estão sendo atingidas em cheio provocando uma mudança social no lar. Como resultado da catástrofe social, do divórcio e do mundanismo, os avós – aqueles remanescentes da velha estrutura familiar – passaram a criar seus netos, da mesma forma que gastaram anos de suas vidas criando e educando seus filhos.

Não se têm nas Escrituras exemplos diretos de avós criando netos, o que não quer dizer que muitos pais do passado não tenham enfrentado as mesmas dificuldades sociais dos avós de hoje. Parece que cada geração cumpria fielmente com seus deveres de maternidade e paternidade. Os únicos exemplos que se têm é de Noemi segurando nos braços seu neto Obede (Rt 4.13-17). O texto, no entanto pressupõe que aquele neto acolheria a Noemi na velhice. Hoje é diferente, os avós, na velhice acolhem os netos e os sustentam.

No NT o exemplo positivo é a citação de Paulo a Timóteo: “pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também, em ti” (2 Tm 1.5). Mas, nada indica que Lóide criou a Timóteo, porque este tinha pai e mãe (At 16.1). Apenas que a fé na religião passara de avó para mãe e neto.

I. Novos paradigmas da família

A) A nova realidade social

Existem hoje mudanças sociais significativas que transferiram o cuidado dos filhos (netos) para os avós. Veja algumas delas:

1. Casais que precisam trabalhar para manter a família

Nem sempre o consumismo é a causa de papai e mamãe trabalharem para adquirir coisas. Na maioria das vezes o que se vê são casais que precisam ambos trabalhar fora para manter financeiramente o lar, o que indica, por um lado, que casaram sem planejamento e fora de época, sem condições de manter uma casa. Indica também que não imaginavam que o casamento implica em perpetuidade da espécie, isto é, filhos que vêm automaticamente, quando menos se espera.

a) Precisam os dois trabalhar para poder sustentar o curso universitário de um dos cônjuges. Para tanto, marido e mulher precisam trabalhar, para que um deles tenha uma graduação e melhore os rendimentos do lar.

b) Precisam os dois trabalhar para poderem adquirir uma casa própria ou pagar as despesas de aluguéis.

c) Também precisam trabalhar para poder dar melhores condições de vida aos filhos.

Esses três fatores, por si mesmos remetem os filhos em duas direções: Creches ou aos cuidados dos avós. Tenho visto avós que se mudam do interior para a capital para poder cuidar dos netos enquanto os pais trabalham. Um vizinho meu leva todos os dias seu neto, de ônibus, para a escola que é distante. Leva e busca.

2. Lares vitimados pelo divórcio.

Este quadro é ainda pior, porque remete os netos diretamente para a casa dos avós. Com o lar esfacelado pelo divórcio, alguém terá que cuidar das crianças, e, quase sempre os avós maternos ou paternos se responsabilizam por isto. Às vezes os avós precisam amparar a filha ou o filho e seus netos sob o mesmo teto e ainda sustentá-los. Tal fato gera mais um agravante:

a) O envelhecimento prematuro dos avós. Todo o dinheiro que os aposentados recebem são gastos, pelo menos trinta por cento em remédios. Além disso, precisam arcar com as despesas que aumentam significativamente: A conta de água, de luz, gastos com alimentação e gasolina aumentam excessivamente consumindo todos os recursos materiais dos avós aposentados – que muitas vezes precisam prover o dinheiro da casa fazendo biscates, produzindo artesanatos, limpando jardins de outras casas etc.

b) O desgaste emocional dos avós. Exatamente quando os “velhos” poderiam aproveitar o tempo para ler, estudar e passear ocupam-se com os cuidados da família e dos netos. Não raras vezes arcam com a carga espiritual e emocional, além da financeira. Estas três coisas: A carga financeira, emocional e espiritual juntas são desgastantes, empurrando lenta e inexoravelmente os avós para a sepultura.

3. Filhos e filhas financeiramente exploradores

Outra realidade comum que os avós enfrentam é com filhos e filhas desobedientes que não aproveitaram as oportunidades de estudar e, hoje, casados ou solteiros exploram financeiramente os pais. Neste sentido conhecemos muitos avós. Nas reuniões da terceira idade são comuns ouvir estes casos. Os filhos não estudam nem se profissionalizam, casam-se, mas não conseguem depois de algum tempo acompanhar as necessidades de consumo da sua família e caem nos braços dos seus pais.

Os netos são usados pelos pais como moeda de barganha para extorquir os pais. Esta é a prática mais comum. Os avós, não querendo ver seus netos passando necessidades gastam tudo o que têm, para suprir-lhes; e os filhos rebeldes e despreparados levam a outra parte.

Assim, desde a carroceira que passa por nossa rua e bate em nossa casa pedindo ajuda, sempre com dois ou três netos pendurados na carroça, recolhendo o lixo reciclável, até o mais abastado que mora na cobertura luxuosa, são vítimas da nova realidade social. Falei com um homem, companheiro de caminhada que me disse gastar dez mil reais por mês com filhos adultos, que vivem longe dele. Sentia-se explorado. É de se pensar.

Existem casos em que os filhos, e genros e noras fazem o possível para receberem a parte da herança que lhes cabe e, chegam até a matar os pais, como os casos policiais o revelam.

Esta é a nova realidade social: O papel social dos avós! Que Deus lhes dê graça para suportar tão enorme encargo que a sociedade lhes impôs.

2 thoughts on “A nova função social dos avós

  1. PASTOR NÃO VOU COMENTAR. QUERO UM PARECER TEU SOBRE O LIVRO QUE ESTOU LENDO TITULO “CRISTIANISMO” DIABÓLICO. SEGISFREDO WANDERLEY, O TEMA É FORTE E O LIVRO TAMBÉM.
    GRATO!!!

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