Questão de bom senso

Acompanho o desenvolvimento dos cultos em algumas igrejas e percebo duas tendências muito fortes: A falta de sabedoria dos dirigentes de louvor que não distinguem entre louvor congregacional e cânticos solo e pregações rasas, inofensivas e bem-humoradas.

Na primeira questão, a condução do culto é uma particularidade de cada igreja, até porque não existem modelos de cultos, de cânticos, de melodias e de instrumentos musicais na igreja do NT. É até possível que as novas igrejas surgidas nos últimos vinte anos e que acostumaram seus membros com a música barulhenta, sem cânticos definidos, sem uma hinologia própria, que copiam suas canções de CDs e que não possuem uma linha mestra para os cânticos, nem recorram a hinários e cânticos antigos, repito, é até possível que seus membros se acostumem a tais práticas.

Mas não é assim com igrejas mais antigas cujos membros nasceram e foram criados com modelos de culto em que hinos e cânticos novos se misturam no culto a Deus. Os membros dessas igrejas não conseguem se adaptar ao modelo de culto em que o som é tão alto que as pessoas não conseguem ouvir sua própria voz; aos cultos em que o dirigente de louvor entoa cânticos solos e tenta empurrá-los goela abaixo na vida da igreja. Além de que esse tipo de dirigente de louvor faz muita firula na melodia do cântico confundido as pessoas.

Venho insistindo em artigos e nos meus livros a respeito do culto a Deus, da música, dos cânticos, das melodias e também do volume alto dos equipamentos de som que perturbam as pessoas e as deixam surdas. Já mostrei cientificamente os danos do som alto na saúde das pessoas. Mas, os músicos que leem meus artigos e livros ignoram as advertências dos médicos e continuam na prática do som altíssimo de seus instrumentos causando muitos males ao povo de Deus. Para me prevenir do som alto carrego comigo meus tampões de ouvido que amenizam o barulho.

Os dirigentes de louvor e os músicos das deveriam usar do bom senso, sem impor seus desejos e gostos  sobre os demais. Pensam em si mesmos, em seus trinados na guitarra, no show da bateria, no contrabaixo bate-estaca e em dar seu show pessoal no culto, quando deveriam usar de seu talento e de seus dons para edificação da igreja. Nesse tipo de culto só se consegue ouvir a voz do povo quando os instrumentos param de tocar. Particularmente já me cansei de reclamar em minha própria igreja, mas venho sugerindo que o retorno do som de cada instrumento musical e o retorno da voz do dirigente de louvor e de alguns pregadores – que gritam demais – caiam diretamente em seus ouvidos. Com isto, não haverá repiques e ter-se-á um som limpo para a congregação. E que o barulho caia no cérebro deles! É uma possibilidade cara, mas viável.

Se houvesse bom senso dos músicos, dos dirigentes de louvor e de alguns pregadores o culto seria mais leve sem perder sua dinâmica. O povo que vem aos cultos está fugindo do barulho alto da música de seus vizinhos, dos carros com som alto que passam pela rua ou que estacionam em suas calçadas e querem tranquilidade. Mas, quando entram num culto da igreja tudo o que têm é ruído e mais ruído, e isto os deixa nervosos e irrequietos.

A segunda questão que mencionei no início deste artigo são as pregações rasas, hilárias sem profundidade bíblico-teológica. Rasas, porque o texto bíblico usado nesses cultos esvazia o sentido bíblico de sua profundidade. Versões como a Bíblia Viva, o texto NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) e outras versões modernas despem o sentido do texto e o deixam raso demais. Tais textos são bons para uma leitura bíblica, mas não para uma compreensão teológica. Esta é minha opinião.

Obviamente que textos como o da versão Corrigida são complicados demais, no entanto quando usados ao lado de outras versões como a revista e atualizada esclarecem e mantêm a profundidade do texto. O uso frequente de textos bíblicos modernos usados sem qualquer equilíbrio e bom sendo vem formando uma nova geração de crentes com pouca profundidade teológica. Os crentes rasos estão aumentando; os crentes com conhecimentos profundos diminuindo drasticamente.

Hilárias, porque as pregações em muitas igrejas apenas divertem o povo. Sempre ouço comentários do tipo, “o culto estava divertidíssimo”; ou “a pregação me deixou bem relaxada”, e tais expressões são sintomáticas porque mostram que em nossos cultos não existem mais pregações que levem ao arrependimento, ao choro, à tristeza, e que ao voltar para casa o crente esteja preocupado com seu estado espiritual. E este tipo de pregação rasa, aliado a um culto barulhento e sem sentido, desvestido da magnificência e sublimidade santa serve para formar uma nova geração de crentes que nunca chegará à maturidade; que nunca saberá o que é sentir na pele e na alma os sofrimentos de Cristo, sem também ter ideia da glória da ressurreição do Senhor.

Raramente se ouve uma pregação bíblica. Ouvem-se pregações tópicas sobre este ou aquele tema, mas não se veem pastores usando o texto bíblico para dele extrair lições para a vida de sua congregação. Estou disposto a visitar sua igreja somente para ouvir uma pregação bíblica e ser conduzido por seu dirigente de louvor à sublimidade de Cristo e à magnificência do Criador.

Louvor e pregação dois elementos tão importantes no cultos, tratados de maneira tão vulgar!

 

 

 

 

3 thoughts on “Questão de bom senso

  1. Meu nobre amigo, irmão, confidente, companheiro, “paizão”!

    Como sempre seu senso de observação é aguçado, prático e sincero!

    Reverberei em meu blog e site da Igreja em Apucarana-PR esta reflexào pertinente a todos os interessados em meditar na Palavra dia e noite!

    Um abraço do gaudério de quatro costados tchê!

    Seu no Senhor!

    Pr. Daniel

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