Seita ou Igreja?

Em meu futuro livro, Reforma Apostólica, no capítulo oito traço a diferença entre igreja e seita. O que faz de um grupo, seita? Qual a diferença entre seita e igreja?

Este tema – guardado em meu baú de livros não publicados – me veio à mente por mera casualidade. Aqui onde estou residindo recebo em casa, ou na caixa dos correios ou porque jogam por cima do muro jornais e revistas de várias denominações. Entre elas, na mesma semana recebi O Atalaia – das Testemunhas de Jeová; Jornal Show da Fé, da Igreja da Graça; Folha Universal, da Igreja Universal e Fé Mundial, da Igreja Mundial do Poder de Deus. São jornais colocados na porta da minha casa sem que eu os queira. E, fora o tanto de revistas e jornais que recebo por encomendas…Impacto, Ultimato, Mensageiro da Paz, CBN, Cristianismo Hoje, etc.

Trabalhei em cima de alguns parâmetros que me ajudassem a definir o que faz a diferença entre seita e igreja. Num trecho de meu futuro livro, escrevo:

Walter Martin em seu livro O Império das Seitas cita uma declaração do Dr. Charles Braden conceituando o que é uma seita: “Ao empregar o termo ‘seita’, não é minha intenção depreciar nenhum grupo ao qual ele se aplique. Seita, no meu entender, é qualquer grupo religioso que, em doutrina ou prática, difira, de forma significativa, dos grupos religiosos considerados a expressão normativa da religião em nossa cultura. As testemunhas de Jeová, por exemplo (….). Os atuais adeptos da Ciência Cristã (…).Os Mórmons…” 1

É claro que a primeira conceituação de seita seja aplicada ao desvio ou a interpretações errôneas e heréticas da palavra de Deus. A igreja católica, por exemplo, considera todas as demais igrejas cristãs, seitas, por divergirem de suas doutrinas. Por outro lado, as igrejas cristãs que saíram do catolicismo consideram-na seita, porque ela se desviou do ensino bíblico. Algumas denominações históricas ensinavam até pouco tempo atrás que as igrejas pentecostais eram seitas. Nesse sentido é coerente a definição de seita no dicionário: “Grupo de pessoas que seguem determinados princípios ou doutrinas, diversas dos geralmente aceitos no respectivo meio”. 2

Por ser ampla, essa definição pode incluir evangélicos e pentecostais; católicos e protestantes. Assim criei parâmetros que me ajudarão e aos meus leitores a definir se seu grupo se tornou seita, depois de viver como igreja durante tantos anos.

1. Líder único com decisão final quanto a doutrinas.
Quando uma denominação segue apenas o ensino e a interpretação bíblica formulada por um homem, esteja ele vivo ou morto, a quem consideram seu líder máximo. Neste sentido os irmãos da Igreja Local de Witnes Lee, com toda a visão de igreja que têm, tornaram-se seita porque só aceitam o ensinamento que vem de seu líder já morto… Ninguém de qualquer outro grupo fala nas conferências deles… Os que seguem somente o ensinamento de Elen White, Willian Braham, Witness Lee, para citar alguns deles. Isto sem mencionar algumas novas igrejas que seguem estritamente o que ensina seu líder. E são várias.

Se o ensino de uma igreja é apenas o que diz determinado líder, e se seus líderes atuais também ensinam tomando como base o que seu líder, agora morto ensinava, esse grupo corre o risco de se tornar uma seita, se já não o é. Sua denominação não convida preletores de outros grupos? Então, corre sério perigo de se tornar uma seita.

Admiro muito a posição das Assembléias de Deus que conseguiu manter uma linha doutrinária equilibrada conferindo seu ensino com a Bíblia e com o de outros líderes evangélicos e pentecostais, que não fazem parte de sua denominação. Isso é bom e sadio para a igreja. Dispomos de uma herança espiritual que não pode ser desprezada, com os pais apostólicos, com os reformadores, e com líderes que Deus levantou ao longo da história. As Assembléias de Deus, maior denominação pentecostal deste país passou a publicar livros de homens de Deus de todas as denominações, fugindo ao perigo de se tornar seita, enquanto outra grande denominação corre o risco de se tornar uma seita porque ouve apenas o que seu líder máximo tem a dizer. Aliás, todos falam e oram de forma igual ao líder.

2. Carência de uma visão clara da unidade.
Denominações ou líderes que desprezam, não aceitam e nem se congregam com irmãos em Cristo de outros grupos estão a meio caminho de se tornarem uma seita.

Essa ausência de unidade com os demais pastores do corpo de Cristo é um indicativo de que essa denominação ou grupo beira o perigo de se tornar uma seita. Gastei várias horas com um desses apóstolos – que não usa para si o termo de apóstolo – e que tentava convencer-me de que eles eram a verdadeira igreja, por serem os primeiros a se estabelecerem na cidade com visão de unidade. Só que, em lugar algum do país seus líderes participam de reuniões com os demais pastores, nem cooperam em algum empreendimento com todas as igrejas. Eles são “a igreja”!
Se seu líder denominacional tiver vocação apostólica, por certo envidará todo esforço no sentido de promover a unidade com os demais membros do corpo de Cristo. Isso evitará que o grupo trilhe a senda da seita com resultados nada agradáveis para a igreja. Se quisermos ser igreja no sentido bíblico exato, precisamos superar as divergências entre nós e, mesmo congregando em lugares diferentes, devemos fazer todo esforço de unidade entre os irmãos.

Não gosto de partilhar de experiências pessoais, mas acho interessante quando perguntam minha procedência. E cada grupo usa o termo que lhe é familiar. Você pertence a que ministério? Faz parte de que concílio? É membro de que convenção? Faz parte de qual presbitério? É da convenção brasileira ou da nacional? O irmão é de qual sínodo? A que região eclesiástica o irmão pertence? Sem abrir mão do que creio faço parte de todo o corpo de Cristo! Não toco entre eles de temas divergentes, apenas do que nos une!

3. Exclusivismo.
E isso nos leva a um perigo ainda maior: O exclusivismo! Este é um fator que contribui para que uma denominação ou grupo torne-se uma seita, pois faz que seus obreiros e membros creiam que são os únicos a serem salvos! Quando a igreja se fecha aos demais ministérios do corpo de Cristo, e abre suas portas apenas aos obreiros de seu grupo, denominação ou organização, corre perigo de se tornar seita! Este fator, isoladamente não se constitui um problema, afinal, certos grupos possuem um celeiro de homens com ministérios e dons abundantes e não têm necessidades que não possam ser supridas por seus líderes denominacionais. No entanto, aliado a outros fatores como o que acabamos de mencionar, e isolando-se dos demais irmãos na cidade, tal grupo vive na iminência de se tornar uma seita. O perigo se intensifica quando seus líderes também se recusam ministrar em outros grupos denominacionais; nesse caso, o muro de isolamento torna-se maior e os irmãos passam a viver totalmente isolados dos demais.

4. Iluminismo
Não aquele iluminismo do movimento filosófico, surgido a partir do séc. XVIII, em oposição ao obscurantismo da Idade Média, mas o iluminismo espiritual, tão forte e dominante em muitos setores da igreja! É um iluminismo subjacente de que nosso grupo caminha uma estrada repleta de revelações divinas a respeito da igreja, da obra e do propósito final de Deus! Esse iluminismo que leva ao exclusivismo deixa os líderes com a sensação de que estão mais próximos de Deus, de que detêm a verdade bíblica a respeito de qualquer assunto espiritual! A partir daí começam a erguerem-se os muros que nos separam uns dos outros!

O iluminismo pode aparecer em nossos métodos de trabalho – sempre os melhores e mais eficientes; em nossa doutrina, sempre a mais pura e santa; e, recentemente os raios dessa iluminação espiritual vêm amealhando discórdias e divisões no corpo de Cristo em nossa nação! A única forma dos obreiros escaparem ao iluminismo, especialmente os que têm ministério apostólico é conferir com outros servos de Deus tudo o que têm recebido do Senhor. Quando se confere em equipe um determinado ensino, as chances de erros diminuem bastante!

O iluminismo pode se fazer presente numa grande denominação ou numa igreja pequena. Presbitérios de pequenas igrejas tendem a ser tão iluministas, e exclusivistas, quanto os de uma grande igreja. Sei de várias igrejas locais, ou comunidades, como são conhecidas que incorreram no perigo do iluminismo. Só convidam para ministrar entre eles os que pensam de igual maneira e que têm história com o grupo! E incorrem no perigo de se tornarem seitas – se é que não o são!

Quantos prejuízos ao corpo de Cristo, quando insistimos em nossos pontos de vista – a ponto de se quebrar as pontes da unidade da igreja!

O verdadeiro líder tem uma visão total da igreja

O líder verdadeiro vê a igreja como um todo. Possui uma visão ampla e total da Igreja, por isso não limita seu serviço a um grupo específico, mas ao Reino de Deus. Muitos que aí estão – inda que não utilizem o nome de apóstolo – sejam bispos, pastores, presbíteros ou ornamentem um título qualquer – se não vêem a igreja como um todo e se fecham aos demais grupos e com eles não têm comunhão, ou acham que seu grupo tem toda a verdade – entraram no mundo das seitas!

Andando à beira do abismo: igreja ou seita.

Há vários fatores que levam um grupo a isolar-se dos demais irmãos numa mesma cidade ou região, e esses fatores têm de ser levados em conta por qualquer pessoa que acha que tem ministério apostólico.

Primeiro perigo: Independência. Esse perigo está na base da estrutura denominacional. O crescimento do grupo traz uma sensação de independência e de isolamento dos demais irmãos, um excesso de autonomia ministerial, que acrescido de pequenos outros fatores leva os obreiros a uma independência na obra que fazem na cidade.

Em certos grupos, alguns verdadeiros conglomerados denominacionais, os pastores, além do envolvimento com seu pastoreio local, descobrem-se envolvidos numa atmosfera de autoconfiança, que como resultado isola-os dos demais. Pelo fato de pastorearem igrejas grandes e famosas da cidade, desenvolvem um senso de independência e não sentem a necessidade de estarem juntos com outros obreiros de outras congregações. A procura da unidade perde o seu sentido lógico, pois não precisam conferir com os demais sobre o curso da vida da igreja na cidade, já que conduzem suas congregações apenas pela ótica de seu grupo.

Além disso, fica intrinsecamente entendido que a unidade não é necessária, pois, afinal, lutam constantemente para preservar a unidade denominacional, que por si só exige deles um esforço quase hercúleo. Agregue-se a isso o fato de que essa “unidade interna”, lhes dá um senso de conquista e de realização espiritual, que minimiza e ofusca toda e qualquer busca da unidade. O verdadeiro líder terá superar essas dificuldades na vida da igreja!

Uma das dificuldades que a maioria dos pastores encontra para andar em unidade é o tipo de atividade que sua organização impõe, quando cobra deles tempo total, apenas com sua igreja, para tanto, dando-lhes vínculo empregatício, funções determinadas pela diretoria, com um conselho fiscalizador sob o calcanhar… Acrescente-se ainda o tipo de estrutura congregacional em que o pastor é o único a fazer a obra por todos os crentes. Com tudo centralizado nele, o obreiro entra em conflito entre viver a unidade que crê, ou abandona suas convicções restringindo seu ministério à organização a que pertence.

Muitos líderes quando olham sob perspectiva diferente, e descobrem o segredo de uma igreja operante, atrevem-se a deixar seus grupos denominacionais, o que quase sempre implica numa quebra de relacionamentos, trazendo danos à unidade da igreja. Os líderes saberão zelar para que essa transição de função e de trabalho entre um grupo e outro não fira a unidade da igreja nem traga transtornos ao relacionamento entre os líderes da cidade.

Às vezes deixar a denominação em razão de uma causa maior que é a igreja e o próprio reino de Deus provoca rupturas. Nem sempre as rupturas são inevitáveis. Elas acontecerão sempre que o Espírito Santo tem de decidir entre o que é do homem e de Deus!

Segundo. O apóstolo, bispo ou pastor-líder é limitado no tempo e no espaço, isto é física e geograficamente. Ele é limitado fisicamente. O verdadeiro líder, no entanto, está ciente de que não consegue atender aos irmãos, às igrejas e aos pastores, mas terá bem definido em sua mente que a igreja extrapola seu próprio ministério. Todos estamos comprometidos até o pescoço com o crescimento da igreja que pastoreamos. Os compromissos resultantes de nosso crescimento não dão tréguas. Além disto, os demais pastores da cidade não compartilham da mesma visão de igreja que temos, aumentando ainda mais o desafio desse ministério.

Os líderes de hoje terão que lutar contra um grande obstáculo, o “vírus” do século XXI que afeta diretamente a igreja e, conseqüentemente tem seus reflexos na unidade da cidade. Precisam resguardar-se do vírus do sucesso; a idéia subjacente da sociedade de que um homem tem que ser ambicioso para ser bem sucedido. Ambição mundana que impõe uma viseira no comportamento dos líderes. Tudo o que impede o sucesso pessoal é descartado, e qualquer elemento, seja pessoa, ou projeto que interfira no sucesso pessoal, é atropelado e deixado de lado! Por causa disso, muitos líderes tentam projetar uma fatia de sucesso ao “nosso grupo” pela ambição do sucesso, pela idéia empresarial e por nosso bom nome que tem de ser preservado e exaltado! Muitas vezes, tal ambição pessoal, pode estar escondida sob o manto de uma verdade proclamada, uma suposta “revelação” seja ela qual for.

O líder enfrenta todos os dias o perigo do sucesso, especialmente quando seu ministério é medido pela mesma régua que mede o sucesso empresarial, quando de seu gabinete luxuoso o empresário comanda sua equipe, e o líder da igreja sua rede de obreiros… O líder-apóstolo verdadeiro é um homem em movimento; não um chefe de gabinete administrativo de igreja.

“Vá à nossa igreja…”, ouve-se em qualquer programa de rádio, e a seguir ouvimos a proclamação de que Cristo está presente em tal grupo; “ali você encontrará o que está buscando”. Ao mesmo tempo em que espelha uma verdade, pois de fato Cristo está presente onde dois ou três se reúnem em seu nome, e ele é a resposta às necessidades do homem, transmite uma idéia de exclusivismo, dando a entender que só ali o ouvinte encontrará a resposta. Para fugir do perigo de se tornar uma seita, bastaria convidar o ouvinte a procurar uma igreja perto de sua casa onde se prega a palavra de Deus. Ainda que o termo pareça vago ao ouvinte, já que não saberá distinguir o que é a verdadeira palavra de Deus numa mensagem, pelo menos transmite a idéia de que a igreja é uma só, não importa a placa que haja na frente, e que Jesus se faz presente na igreja! Um obreiro defendeu-se de que pode pedir às pessoas que venham exclusivamente à sua igreja, porque, garantiu-nos,  não ficarão decepcionadas! Por trás de um bom motivo, pode haver um espírito de sectarismo e divisão!

Parece-nos difícil conceituar uma igreja evangélica como seita, apenas pelo exame de atitudes isoladas de alguns líderes denominacionais, mas o que pensa Deus a respeito de algumas declarações dos líderes da igreja?

Para poder afastar a igreja do caminho de se tornar uma seita, os líderes desse tempo precisam solucionar um problema sério na igreja: trazer a visão de unidade a todos os obreiros. Eis alguns fatos que devem confrontar os que se dizem ou são reconhecidos como apóstolos:

a) O líder terá que lutar contra a idéia prevalecente de que se andarmos em amor e unidade com outros pastores, perderemos nossas ovelhas a outro pastor da mesma cidade. Isso ocorre quando não conhecemos os pastores de uma mesma cidade, e quando os pastores, por não serem amigos uns dos outros, deixam de tratar claramente desse tema entre eles. Atento a esse problema, o líder saberá criar um clima de amor, confiança e unidade entre os irmãos.

b) O líder terá que lutar contra o perverso conceito que domina a mente dos pastores de uma mesma cidade: o receio de que, perdendo alguns membros haja diminuição dos recursos financeiros que precisam para o seu sustento. Muitos homens acham que o pastoreio eficaz está na quantidade de dinheiro que entra nos cofres da igreja. Como geralmente uma grande parte dos pastores depende integralmente dos recursos financeiros da igreja e não consegue sobreviver sem ele, por não ter qualquer outro recurso nem mesmo uma profissão, o zelo pelas pessoas pode estar ligado à necessidade de manter os recursos financeiros no mesmo patamar. Isto pode levá-lo a separar-se do outro pastor com o qual alguns de seu rebanho começaram a congregar. E lhe traz conflitos! E que conflito! Cumpre ao apóstolo-líder tratar desse conflito deitando as bases da igreja na cidade.

Terceira. Outra barreira com que o líder terá que tratar é contra a semente da iniqüidade que encontra campo fértil em obreiros megalomaníacos, cujo objetivo é aumentar o número de membros, fundar novas “obras” em busca da fama e sucesso. No afã de levar muitas pessoas para Deus, a perversa iniqüidade do ego não tratado, agindo no homem de forma tão imperceptível, motiva-o a trabalhar ainda mais! Diferentemente do trabalho que visa ganhar pessoas, salvar o homem de seu pecado pensando apenas na excelência do reino de Deus na terra. O desejo de subir de “status” social persiste em muitos pastores, o que, indiscutivelmente, impede a unidade de Deus entre eles. A sede pelo poder e domínio está por trás de suas motivações. Podemos estar tão imbuídos com a evangelização e com o surgimento de novas congregações que a expansão entra em conflito com a unidade, roubando-lhe a prioridade. Aliás, este conflito entre unidade e expansão é tema que vem sendo discutido por homens de Deus nesses últimos dias.

O líder terá que lutar contra a semente da iniqüidade que se infiltra nos dons de Deus que operam na vida dos obreiros. Se a obra cresce e seus compromissos aumentam, ele não pode abrir mão de seu chamamento.  Alguns homens não gostam de renunciar aos seus “direitos”, pois crêem que foram levantados por Deus para este tempo e não querem  “perder tempo” com esse assunto de unidade e com pastores que, a seu ver, nada têm a fazer. Não percebem, contudo, que uma semente de iniqüidade está agindo como um “vírus” nos dons que Deus lhe deu. Enquanto no reino de Deus nosso destino é perder e perder e nada ter, a fim de que o Senhor tudo tenha, no reino do homem sob a capa de uma igreja forte e crescente, esconde-se o egocentrismo iníquo. É difícil, neste caso, andar em unidade já que terá de abrir mão de certas prerrogativas. O apóstolo desses últimos tempos tem uma tarefa hercúlea pela frente.

Isolamento do líder

Enquanto o verdadeiro apóstolo se entusiasma com o ministério de seus pares e com eles colabora na expansão do reino, o falso apóstolo costuma trabalhar sozinho, e apenas com seu grupo. Esse isolamento em relação aos demais irmãos em Cristo é um dos passos para tornar-se seita. Todo grupo que se isola dos demais irmãos corre o risco de se tornar uma seita.

Alguns dos líderes no passado ensinaram sobre a restauração dos ministérios apostólicos e trouxeram grande contribuição ao corpo de Cristo. Seus seguidores, da mesma denominação ou grupo do passado, hoje vivem isolados, à parte, achando que têm toda a verdade. Esses irmãos nunca almejaram criar uma grande denominação, seus templos têm apenas uma placa indicativa de que ali é lugar de oração, e, apesar de tudo, vivem fechados em torno de si mesmos e dos ensinamentos dos líderes do passado. Os mesmos líderes que tanto prezam, são também aceitos por outros grupos denominacionais. Quem não tem uma Bíblia Scofield, quem não gosta de ler sobre George Muller, ou estudar na Bíblia de Darby? Esses líderes do passado ensinaram sobre a verdadeira igreja, mas seus seguidores, que hoje formam uma das grandes denominações mundiais (se bem que afirmam não serem denominação), isolaram-se de outros grupos da igreja, cristalizaram certos pontos de vista e isolaram-se dos demais membros do corpo de Cristo.

Alguns que se dizem igreja receberam uma herança doutrinária desses homens do passado, e, eles mesmos, a partir de uma visão de unidade da igreja, formaram um novo grupo que, no decorrer dos anos passou a ser exclusivista. O ensino sobre a igreja e sobre ministérios atrai muita gente, mas a prática da igreja difere totalmente do ensino. Pois na prática tais irmãos não conseguem viver em unidade com as denominações ou com os novos grupos que surgiram nos últimos anos.

Assim, escolhi um outro parâmetro para entender a diferença entre seita e igreja.

5. Quantas vezes, num jornal, aparece a foto do líder.
Uma seita não pode ser definida apenas por ensinar doutrinas falsas – por si só isto constitui uma seita. Mas, é preciso levar em conta que muitas dessas novas denominações também tornaram-se seita: seus líderes determinam o ensino, cuidam pessoalmente das finanças em termos nacionais, não se reúnem com irmãos de outras denominações; não convidam pregadores de outros segmentos da igreja e, pior, pelo número de vezes em que aparece a foto deles nos seus periódicos denominacionais, podem ser considerados seitas. Para tanto, basta um olhar cuidadoso nos jornais que mencionei no começo deste artigo, e se conclui que as novas denominações pentecostais enveredaram pelo caminho das seitas. A menos que seus líderes enveredem pelo caminho da verdadeira igreja…

1 MARTIN, Valter, O Império das Seitas, Vol. I, p 11 Editora Betânia

2 Definição do Michaelis Português

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