A igreja local precisa entender que sua missão pode fundamentar-se em quatro colunas, ou alicerces que a levarão ao crescimento. Vejamos:
I – Oração – Esta é a primeira coluna, pois a oração, no dizer dos pais da igreja é a mola que impulsiona a igreja. Um dos antigos pais da igreja dizia que a igreja caminha de joelhos.
Em Atos 2.42 consta que a igreja perseverava em oração. Certamente, levando em conta o que Jesus ensinou em Lucas 18.1 sobre orar, sempre, sem nunca esmorecer! Em Atos 12.12 quando Pedro é solto da prisão pelo anjo do Senhor, vai à casa de Maria e encontra os irmãos reunidos em oração. É com razão que Paulo pede aos irmãos que orem em todo tempo e que intercedam por ele para que Deus lhe dê palavra ao abrir de sua boca (Ef 6.18).
Eis abaixo um esboço da importância da oração:
A oração é um serviço a Deus, à igreja e ao próximo.
1. A Deus, porque por ela Deus nos leva a orar afinados com sua vontade;
2. A oração está a serviço da igreja porque é através da oração que ajudamos a carregar os fardos de nossos irmãos.
3. É um serviço ao mundo porque pela oração intercedemos a Deus pelas pessoas, por nossas cidades e pelo mundo!
II – Adoração – Esta é a Segunda coluna ou fundamento. É interessante observar que não há muito ensino sobre adoração no Novo Testamento. Hoje escrevemos livros, falamos, ensinamos o povo a adorar, mas não há muito ensino sobre essa prática da igreja. Por que? Porque a igreja vivia em adoração. Quando Jesus encontra a mulher de Samaria junto ao poço de Jacó, os dois travam um diálogo sobre adoração. Onde se deve adorar? A mulher dizia que era ali e repudiava o ensino daqueles que diziam ser Jerusalém o lugar de adoração. Jesus amplia o tema, dizendo: “Não é neste monte, nem em Jerusalém que se adora o Pai. Os verdadeiros adoradores o adoram em espírito e em verdade” (Jo 4.21-24 paráfrase do autor).
Achamos que adoração é um momento do culto; mas precisamos saber que adoração não se resume a um momento do culto, apenas, mas uma vida de devoção, dedicação e serviço a Deus. O nível de adoração em nossos cultos é o reflexo direto de nossa adoração individual.
A adoração é um serviço unicamente para Deus, mas também resultado de uma vida de comprometimento com as pessoas e com a obra de Deus!
III – Comunhão – O mesmo texto de Atos 2.42 fala que a igreja perseverava na comunhão, ou como diz a palavra no grego, na Koinonia. Não existe vida cristã sem a comunhão com Deus e com o próximo. Ninguém pode afirmar que tem comunhão com Deus, mas que prefere viver solitário. A solidão é a maior arma do diabo para destruir as pessoas. Pessoas solitárias são alvo fácil da tentação! Uma igreja é solidificada na comunhão que os irmãos têm entre eles. Percebo logo uma igreja em que a comunhão não é muito forte: os irmãos chegam para o culto e concentram-se na oração silenciosa ou na leitura da Bíblia e, logo que termina o culto, em cinco minutos o templo está vazio! Diferentemente daquelas igrejas em que é difícil começar o culto e difícil terminar. Porque ao começar, os irmãos estão conversando, orando, ajudando uns aos outros e, depois que termina ninguém quer ir para casa. E se apagarem as luzes e fecharem as portas do templo, reúnem-se na Pizzaria mais próxima.
Comunhão nossos irmãos. Existem cerca de 30 mandamentos de reciprocidade no Novo Testamento, todos regulamentando a comunhão com nossos irmãos! Um culto sem comunhão reflete uma semana de isolamento!
IV – O quarto alicerce é da pregação. A pregação é também um serviço a Deus, à igreja e ao mundo!
A. A Deus, porque obedecemos suas ordens e saímos a pregar o evangelho de amor, de paz, de arrependimento e de salvação
(Mc 16.15; Lc 9.2,60; 1 Co 1.17)
B. À Igreja, porque por ela trazemos o ensino da palavra de Deus
(1 Co 1.23-24).
Através da pregação trazemos ensino à Igreja!
C. Ao mundo porque por ela produzimos fé e esperança no mundo!
(Rm 10.14-15; 1 Co 2.4; 15.14). Ver ainda: 2 Tm 4.2,17; etc.).
Esses quatro alicerces resultam numa única finalidade: servir. Através da igreja servimos a Deus, aos irmãos e ao mundo. Na igreja, praticamos o socorro mútuo, no mundo socorremos os necessitados com a palavra de fé, com auxílio material e com nossos dons!
A ênfase que trago nesse sermão, é que todos os quatro alicerces desembocam num único caudal, num grande rio, que é o serviço. Toda a vida cristã resume-se em servir: servimos a Deus, aos irmãos e ao mundo. Essa é a diferença da igreja para o mundo.
A oração desemboca em serviço: Servimos a todos indistintamente. Servimos aos irmãos, na oração, porque por eles intercedemos e gememos diante de Deus. Servimos a Deus na oração, porque Deus precisa que oremos para que sua vontade seja estabelecida na terra.
Servimos ao mundo pela oração pois por ele clamamos a Deus por salvação!
A adoração desemboca em serviço a Deus! Aliás, é bom ressaltar que “culto” em outros idiomas como o espanhol e o inglês é serviço. Porque quando a igreja se reúne a igreja presta serviço a Deus, aos irmãos e ao mundo! Adorar é prestar serviço a Deus!
A comunhão também desemboca nesse caudal chamado serviço. Ao viver uma vida de comunhão com meus irmãos e com Deus, não apenas estamos servindo os irmãos e a Deus em comunhão, mas prestamos um serviço ao mundo, porque nossa comunhão nesses dois níveis afeta substancialmente o mundo!
E por fim a pregação também tem três dimensões. Pela pregação servimos a Deus, pois afinal Deus precisa de pregadores da palavra; gente que proclama a vinda do reino. A igreja precisa de pregadores que proclamem a palavra – kerigma – e que ensinem a palavra, o didaquê!
O reconhecimento final diante de Deus será sempre pelos serviços prestados. É o que diz Ap. 2.19 – A palavra serviço, aqui é diaconia! Veja Ef. 2.10! Ver também Rm. 15.27;16.1 e Ef. 6.7 em que aparece a palavra ergon, esforço, trabalho, obra! Nosso galardão no céu não virá porque pregamos muito bem, nem porque éramos bons adoradores, nem por vivermos em comunhão na igreja ou porque oramos muito! O galardão virá pelo serviço, diaconia ou obras, ergon, nosso esforço em apresentar o melhor para Deus!