Igreja x Igreja = Pregadores x Pregadores

Ao longo desses anos Deus tem me proporcionado viver intensamente a igreja – em seu sentido mais amplo e verdadeiro. Refiro-me a igreja de Jesus Cristo composta de todos os redimidos e salvos. Quando falo em igreja não me refiro a igreja institucionalizada, sejam denominações ou não-denominações ou aos nomes que se dão a igreja. Sim, porque existem muitas igrejas que se dizem não serem denominações, mas agem ou mantêm uma estrutura de governo eclesiástico pior que algumas denominações. Às vezes seus poucos membros são mais denominacionais que os milhares de outra igreja que vivem sob a égide de um nome denominacional.

Vivo no meio da igreja, desviando-me aqui e ali dos obstáculos que podem me levar a tropeçar nos meandros do eclesiologismo com sua política nefanda. Explico. Avesso que sou a toda política eclesiástica consigo encontrar no meio da confusão babilônica que hoje se chama “igreja” os fieis que não se rendem ao sistema nem apupam líderes que vivem no erro.

Conheço igrejas de vários matizes, mas posso dividi-las em apenas duas: Igrejas que priorizam relacionamentos e propósitos, e igrejas sem relacionamentos. Nas igrejas que têm relacionamentos e trabalham com propósito, todos canalizam seus esforços para a vinda do reino de Deus, diferentemente daquelas igrejas que usam dos relacionamentos para manter seu sistema denominacional. As igrejas que priorizam os relacionamentos não se preocupam com o que acontece nas reuniões, mas enfatizam o que acontece entre as reuniões. Não procuram o seu próprio bem-estar, mas o bem-estar do reino!

Nessa jornada da fé percebo que algumas igrejas convidam pregadores e cantores, não porque estes sejam homens ou mulheres de Deus, mas porque precisam manter a agenda da igreja e os cultos com boa frequência. A igreja institucionalizada – isto é, aquela que busca seu próprio interesse e se utiliza dos membros para buscar fama e poder – não valoriza relacionamentos entre os irmãos. Aliás, quanto menos as pessoas se conhecerem e andarem juntas, melhor para o sistema.

As igrejas que buscam relacionamentos anelam crescer na fé e, para tanto buscam homens e mulheres de Deus que os ajudem nesse crescimento que favorecerá unicamente o reino de Deus.

Diferentemente de igrejas que veem nos conferencistas apenas um profissional eclesiástico, e não um homem de Deus. Para este tipo de igreja os pregadores são como material descartável: Usa-se e se joga fora! Isto permitiu a proliferação de pregadores que satisfazem os interesses da igreja institucional que estabelecem preços e cachês de profissionais; são os preletores de autoajuda, porque sabem que são tratados como profissionais eclesiásticos. E, como são tidos por material descartável é importante que sejam descartáveis de alto preço. É nesse sentido que as grandes celebrações das igrejas – as marchas para Jesus, o dia da Bíblia etc., que são pagos com o dinheiro público atraiam profissionais que cobram preços elevados, sejam cantores, bandas ou pregadores.

As igrejas que buscam relacionamentos agem de maneira diferente. Querem ouvir, aprender e, depois que o pregador vai embora continuam mantendo uma amizade de amor e de ajuda, remoendo as pregações, analisando os conselhos recebidos, porque não tratam o preletor como um profissional do clero, mas como homem de Deus. Ao contrário detestam o profissionalismo eclesiástico e mantêm vínculos com os homens de Deus tratando-os como verdadeiros profetas ou apóstolos que cooperam para o serviço do reino de Deus.

As igrejas institucionalizadas que tratam os pregadores e mestres como profissionais cumprem uma agenda de cultos para satisfazer a curiosidade de seus membros, e os programas da igreja. Convidam certos pregadores porque estes produzem coceiras nos ouvidos dos membros da igreja. São pregadores que dizem o que o povo quer ouvir; e são valorizados porque embalam a vida espiritual do povo. São pregadores que não deixam o povo inquieto com seus pecados, bem ao contrário, tais pregadores jamais aguçam seus ouvintes com esta palavra tão feia. São pregadores profissionais que sabem como produzir coceira espiritual no povo, e suas preleções têm aparência de fogo de Deus, mas é palha que logo se consome e cujo fogo logo se apaga. O verdadeiro avivamento queima lentamente as toras enquanto transforma os corações.

Desculpe-me dizer, mas o Brasil está cheio de pregadores que produzem coceiras nos ouvidos; profissionais da pregação que encontraram na igreja institucionalizada seu filão financeiro. Sim, porque descobriram que a igreja que não deseja relacionamentos está interessada em profissionais do clero; em pregadores charmosos; em profetas que falam o que o povo quer ouvir, e, para tanto, essas igrejas estão dispostas a pagar altas somas, porque o preço é justo, mesmo sendo salgado! E, por isso, muitos pregadores se profissionalizam como palestrantes dos mais diversos temas; não porque amam aquele povo que os convida, nem porque amam a vinda do reino de Deus, mas porque sabem que esse tipo de igreja exige que haja profissionais do clero, e não homens de Deus.

No entanto, a igreja que prioriza relacionamentos não vive à cata de profissionais para pregar em seus cultos, mas de homens com ministérios reconhecidos que lhes ajudem a cumprir o projeto de Deus na terra. Nesse tipo de igreja os vínculos permanecem. Os pregadores convidados são bem-tratados e honrados como mestres, apóstolos, profetas e pastores, conforme a descrição de Efésios 4.11 e não como apóstolos ou profetas profissionais!

Continuo a percorrer os caminhos da igreja discernindo com clareza quando sou chamado como profissional – e sou tentado a fixar um preço – ou quando sou chamado porque meu ministério é reconhecido e considerado importante para o desenvolvimento da igreja que me convida.

Eis a diferença! Voltarei ao tema!

14 thoughts on “Igreja x Igreja = Pregadores x Pregadores

  1. Caro Pastor João, concordo plenamente com seu artigo que neste ano tenhamos mais pastores que nos façam lembrar/ensinar sobre santidade, oração, culto ao Senhor( e/ou adoração) que sinto falta e muitas vezes não sei como agir e vejo pelos comentários de outras pessoas. Continue a nos levar a refletir.Walkiria Blane Galindo

  2. Caro pastor, Graça e Paz !

    É inegável ver que o Espírito Santo tem conduzido a Igreja a um novo momento, de volta a singeleza, amor mútuo entre os irmãos, edificação mútua, relacionamentos mais estreitos, enfim voltando ao seu propósito de ter Cristo como único Cabeça e a Igreja como seu Corpo onde os membros são igualmente importantes com funções diferentes. Uma família, onde temos um Pai ( Deus ) e filhos ( a Igreja ), e por consequência muitos irmãos.

    Existe, certamente, muita resistência por quebrar paradigmas já estabelecidos de longa data,no entanto, percebe-se um movimento ainda lento, mas contínuo, nesta direção nesses últimos dias da Igreja nesta terra, onde irmãos estão voltando ao princípio e se reunindo em casas como era feito na Igreja neo-testamentária. Que esta visão alcance ainda mais líderes que realmente entendem que o propósito da Igreja é glorificar a Cristo somente.

    Quando Jesus olha para sua Igreja, ele vê denominações ? Ele nos separa por denominações ? Certamente que Não !!!
    Se Jesus não vê assim, eu também não quero ver !

    Obrigado pela sua palavra Pastor João ! Que Deus te abençoe !

    Meu desejo, é que esta visão alcance a muitos em minha denominação ! Amém !

    Irmão Fábio ( Assembléia de Deus – RJ )

  3. Pastor João, sou leitora assídua tanto de seus livros quanto de seus artigos e é com alegria e é com alegria na alma que o parabenizo. Agradeço a Deus pela sua vida, pela clareza e discernimento da Palavra de Deus, pelo seu comprometimento com a verdade e pela simplicidade com que transmite esse conhecimento a Igreja. Obrigada Pastor João e que o nosso bom Deus continue sempre lhe abençoando, bem como a sua familia.

  4. Ezequiel

    34:1 E VEIO a mim a palavra do SENHOR, dizendo:
    34:2 Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza, e dize aos pastores: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não devem os pastores apascentar as ovelhas?

    pergunta-se : será Amado Pastor, que existem pastores como os de Ezequiel 34 nos dias de hoje, que seus interesses pelas ovelhas, é somente a gordura,( diga-se dizimo e oferta ) . Sei que não é vosso caso, pois admiro os comentarios do Sr, vejo que é servo de Deus, compromissado com as ovelhas,em apascentar as ovelhas do Senhor Jesus.

    Peço que faça comentário sobre o assunto. Obrigado .

  5. Pr.João, li e gostei do seu artigo ” IGREJA X IGREJA – PASTORES X PASTORES”. Nessa mesma linha gostaria que o senhor expressasse sua opinião sobre um grupo de Cristãos que se reúnem sistematicamente, mas afirmam não serem denominacionais, por não ostentar nenhuma placa,nome de “ministério” ou se dizer pertencente a esta ou aquela igreja, pois eles se firmam na Bíblia e afirmam que não existe mais que uma igreja em uma localidade. Pode haver sim, vários pontos de reunião,desde que seja desta única igreja. E estudando as passagens do Novo Testamento, realmente notamos que não havia várias igrejas na mesma localidade e sim um único grupo que era a igreja naquele local ou região. (as cartas de Paulo são claras quanto à isso). Eles são bastante conhecidos e creio que o Pr. também já conhece, e bem , esse grupo. Alguns os denominam como ” IGREJA LOCAL ” , “OS IRMÃOS DA ÁRVORES DA VIDA” ou ‘ A IGREJA LOCAL DE WITNESS LEE”. Eu particularmente não os denomino de de nenhuma forma. Já participei de várias de suas reuniões, muito boas por sinal, também já participei do partir do pão que são realizados todos os domingos. Penso que esses irmãos, independente de como são chamados ou como eles mesmo se donominem, estão bem a frente de muitos grupos denominacionais bastante conhecidos no meio evangélico (” Igrejonas famosas”). Já li alguns livros da editora Árvore da Vida, e vi bastante profundidade nos assuntos abordados. A impressão que eu (particularmente) tenho, é que esses irmãso estão mais “evoluídos” – “crescidos” ( se assim posso dizer) espiritualmente do que muitos e muitos queridos irmãos , quer sejam ovelhas ou pastores ou líderes etc..
    Seu artigo aborda bem esse caos babilônico que as “igrejas denominacionais” atuais estão vivendo, e pelo jeito, vão permanecer nesse disquinho quebrado por muito tempo ainda.
    Os pastores de Televisão como os da Universal, Mundial, Internacional da Graça de Deus, entre outros, estão enrroscados e enovelados com o marketing pessoal de seus “chefes” RR Soares que o diga. Este, outro dia em seu programa de auditório SHOW DA FÉ, teve a capacidade de dizer durante a tentativa de vender assinatura da tal ” Nossa TV” ” IRMÃOS, O DIABO QUANDO PASSA EM FRENTE A UMA RESIDÊNCIA E VÊ A ANTENA DA NOSSA TV INSTALADA, ELE ( o diabo)IMEDIATAMENTE DIZ …CHIII, COM ESSA FAMÍLIA EU NÃO POSSO MEXER, E SAI CORRENDO, POR ISSO PESSOAL FAÇA A ASSINATURA DA NOSSA TV “… outros líderes, nem preciso dizer o que aprontam né Pr.João !!
    então, diante disso, é que eu gostaria que o senhor comentasse sobre “os irmãos sem denominação” X os irmãos dessas igrejas denominacionais.
    Creio que podemos falar nomes sim, esse negócio de falar por trás com indiretas é pior , e aquela consversinha que não devemos exposr os irmãos, é baléla, porque no fundo ( no coração) nós temos o desejo de expo-los sim. Porque é nojento, infantil, repgnante o que estão fazendo usando o nome do Salvador JESUS. Esse Nome é muito Santo para ser exposto assim.
    Seu comentário será interessante.
    Pr.João já divergimos antes em outros assuntos, mas seus comentários são saudáveis.
    abraços
    irmão
    waldemar

    1. Waldemar: Entendi bem suas colocações e, por isso, deixei seu texto assim como me enviou.
      Eu tive meu primeiro contado com o pessoal da igreja local ainda quando residia em San Francisco no final da década de 1960 ali por 1970 para ser mais específico. Desde então, acompanho o trabalho e o movimento desses irmãos. Aqui no Brasil meu contato com eles foi em Porto Alegre na década de 70 quando iniciei a Comunidade Cristã da cidade. Fui procurado por alguns irmãos dessa igreja local, porque eles queriam se associar a nós, reconhecendo que éramos a primeira igreja na cidade a trabalhar em unidade com todos os irmãos. Mas, como eu já conhecia o histórico divisionista desses irmãos, não aceitei. O apóstolo deles, um chines, Don não sei o quê esteve na minha casa e conversou comigo por quatro horas… Queria unir-se a nós, mas achei-o muito arrogante quando começou a falar mal de lideranças evangélicas.
      Sintetizando, percebo que eles têm a doutrina certa sobre igreja, mas a prática errada. Porque na prática são exclusivistas e não inclusivistas. Por exemplo, eles não admitem que um obreiro seja sustentado pela obra; não aceitam o termo pastor – que para mim tanto faz ser pastor, presbítero ou bispo, dá tudo no mesmo, questão de nomenclatura e de vaidade. Mudam sem critério as letras dos hinos para encaixá-las em músicas tradicionais; usam frases repetitivas e gestos orientais, e certas repetições causam uma espécie de lavagem cerebral. Não aceitam a doutrina do dízimo nem aceitam os demais irmãos como irmãos da mesma fé, apesar de que doutrinariamente dizem aceitar, mas na prática, não. Prefiro uma igreja mais inclusivista…

      Pastor João

  6. Pr João
    Acompanho seu trabalho em prol do Reino de DEUS
    ha bastante tempo. Entre poucos que ainda guardam a sã
    doutrina, o senhor é um deles. Pergunto por que a igreja
    (liturgia, pregação, louvor, doutrina) mudou tanto em
    relação com os anos 60, 70. Os lideres hoje dizem que eles
    é que estão certos, se é verdade, tudo que foi pregado e
    ensinado antes estava errado?
    Tenho uma foto sua, quando de uma visita na congregação da
    vila Florença em Viamão em 18/04/1976 bem jovem, interpretando um missionario americano. Gostaria de lhe enviar por EMAIL.
    Um forte abraço em CRISTO.

    1. Gustavo: Que surpreza saber de alguém que me conhece faz tanto tempo; então você é tão jurássico quanto eu! Deixe-me responder suas indagações: É possível que haja mudança cultural desde que não haja mudança espiritual. Explico. A doutrina do evangelho ou doutrina da fé não pode ser mudada; pode-se, isto, colocar-se uma roupagem diferente no evangelho, mas a essência continua a mesma. Os hinos, por exemplo, foram mudando ao longo das décadas. Eu que conheço cânticos que a igreja cantava no primeiro século não alcançaria o povo de hoje cantando-a nos cultos; é o que ainda fazem alguns católicos com a liturgia amarrada de milênios atrás. O que deve nortear nosso culto é o temor a Deus. Quando se pede o temor, as pessoas deixam de ser reverentes e vão aos cultos mais por religiosidade do que por compromisso com Jesus. Você concorda?

      Pastor João

  7. Uma maravilha este artigo Pastor. As vezes como cristãos nós nos sentimos tao injustiçados ao ver pastores pregando apenas o que os “fieis” querem ouvir, e subindo ao pulpitos para mais um “salario a receber”. De uns tempos para cá a intitulaçao “CRENTE” chega a se tornar motivo de “chacota”, principalmente por conta de certos “pregadores” como estes que o Senhor comentou. É até triste estarmos presenciando isso! Mas, o bom é saber que a gente tem um Deus que a tudo vê e que a maior pregação é a que está embasada verdadeiramente e de coraçao no que preconiza sua Palavra. Como diz um velho ditado: bom é discutir com quem sabe! 🙂
    Abraços.
    Simone Vanessa

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