O Ministério do profeta

“O profeta tem que ser contundente e nem sempre manso diante dos impenitentes e desobedientes, isso não quer dizer que não seja misericordioso, porque esta qualidade é uma das poucas que lhe é dada por Deus. Do contrário seria sempre ríspido e azedo diante da desobediência e do pecado do povo.”

Vez que outra apresento aqui em minha página algum artigo, ensino ou estudo sobre os serviços – ou ministérios – que Jesus deu aos seus servos para servir a igreja. De todos, acredito, o mais incompreensível é o do profeta. Enquanto os dons ou serviços de Romanos 12 foram dados por Deus ao corpo, e os de 1 Coríntios 12 dons sobrenaturais dados pelo Espírito Santo a Igreja os dons de Efésios 4.11 são dados por Cristo a igreja, e entre os cinco, o dom ministerial do profeta.

Textos: 1 Coríntios 12.28 e de Efésios 4.11

Na igreja de Antioquia havia profetas e mestres” (At 13.1).

Penso ser necessário trazer algumas considerações sobre o ministério do profeta, pois a maioria dos irmãos confundem o dom de profecia com o ministério de profeta. Enquanto o dom de profecia é para todos o ministério de profeta é para alguns! Em 1 Coríntios 12.28 e em Efésios 4.11, o profeta aparece em segundo lugar na escala de importância logo após o apóstolo. Paulo chega a dizer: “Assim, na igreja, Deus estabeleceu primeiramente apóstolos; em segundo lugar, profetas…” (1Co 12.28).

É necessário examinar a diferença do ministério do profeta no Antigo e no Novo Testamento, pois na época o profeta exercia sua função numa espécie de governo triunvirato, juntamente com o sacerdote e o rei, com a única exceção de que o rei era a autoridade máxima em tudo.

A) O profeta era os olhos da nação. Isaias diz: “O Senhor trouxe sobre vocês um sono profundo: fechou os olhos de vocês, que são os profetas; cobriu a cabeça de vocês, que são os videntes (Is 29.10).

Abraão e Moisés eram considerados profetas pelo próprio Deus. Em Gênesis 20.7 Deus adverte a Abimeleque para que devolva a mulher de Abraão, pois “ele é profeta, e intercederá por ti e viverás”. Deus dá testemunho de Moisés ao dizer: “O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).

Samuel é o início de uma era profética. Antes dele houve muitos profetas. Samuel, entretanto, inaugura um período profético que se estenderá até os dias de Cristo na terra. Ele foi confirmado pela nação com um profeta de Deus (1 Sm 3.20) e era chamado de vidente (1 Sm 9.9). Pedro se refere a Samuel como o iniciador de uma era profética, seguido depois por todos os profetas que anunciaram a Cristo. “De fato”, diz Pedro, “todos os profetas, de Samuel em diante, um por um, falaram e predisseram estes dias” (At 3.24).

À luz do que Pedro falou, Samuel parece ter sido o fundador de uma escola de profetas, pois já nos seus dias havia muitos outros que profetizavam em Israel. A Bíblia fala em grupos de profetas que, em Gibeá, saíram ao encontro de Saul, profetizando com saltérios, tambores e flautas (1 Sm 10.5,10). Essa escola de profetas teve sua continuidade em Israel, pois nos dias de Elias e Eliseu esses profetas residiam na mesma casa ou localidade (2 Rs 6.1). Nas cidades de Gilgal, Betel e Jericó havia grupos de profetas que residiam juntos, conforme o episódio de 2 Reis 2.1-11 e 1 Reis 18.4,13. Muitos deles eram casados e tinham famílias (2 Rs 5.22).

O oficio de profeta, entretanto, era um chamamento todo especial. A escritura nos dá a entender que muitos desses homens temiam ser chamados por Deus para tal ofício, devido a renúncia que teriam que fazer de suas vidas. Foi assim que Jonas, filho de Amitai, tratou de “fugir da presença do Senhor” (Jn 1.3). Jeremias se desculpou dizendo não passar de uma criança, sabendo do grande desafio que tinha diante dele (Jr 1.6).

B) O profeta experimentava na carne a situação espiritual do povo. Isaias teve que andar descalço durante três anos e com as nádegas de fora (Is 20.2,3). Dentre os muitos sacrifícios que fez, Jeremias teve que andar com uma canga no pescoço, falando da servidão a Nabucodonosor (Jr 27.1,2). Comprou um cinto de linho, usou-o em volta da cintura, caminhou até o Eufrates, enterrou-o e, depois de algum tempo Deus lhe ordena para regressar ao mesmo local a fim de que Deus falasse com ele (Jr 13.1-11). Foi chamado a observar o oleiro (Jr 18) e depois teve que quebrar uma botija de oleiro na presença dos anciãos de Israel (Jr 19). Durante vinte e três anos começava o seu oficio de madrugada, anunciando a palavra do Senhor (Jr 25.3).

Ou como Ezequiel, cujo sofrimento no cativeiro foi bem maior! Deus lhe pediu para esculpir uma réplica de Jerusalém e mostrá-la sendo atacada pelo exército. Teve que dormir de um lado só, beber pouca água e comer pouca comida cozida sobre fezes (Ez 4.1-17), e ainda teve que cortar os cabelos, pesá-los numa balança, jogando-os sobre a cidade num testemunho do juízo de Deus! (Ez 5). Teve que andar com uma bagagem de exílio às costas, entrando e saindo de casa por um buraco na parede (Ez 12). Deus levou sua esposa para ensinar ao povo uma lição: Ezequiel não poderia se lamentar, nem chorar, e teria que gemer em silêncio (Ez 24.15-18). O profeta, portanto, sentia na carne a vida espiritual do povo! E esta é uma característica vista em todos os profetas do Antigo Testamento!

Os Profetas no Novo Testamento.

Paulo fala sobre os profetas assim: “A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente apóstolos, e em segundo lugar profetas…” (1 Co 12.18; Ef 4.11).Vemos que a igreja é edificada sobre o “fundamento dos apóstolos e profetas sendo (…) Cristo Jesus, a Pedra angular” (Ef 2.20).

A) Os profetas em operação. Em Atos 13 temos o seguinte registro: “Havia na igreja de Antioquia profetas e mestres…” (At 13.1). Os homens que serviam ao Senhor em Antioquia não foram discípulos diretos de Jesus, e eram profetas, no sentido de colocar os fundamentos da igreja! Outro texto fala que “Judas e Silas, que eram também profetas, consolaram os irmãos com muitos conselhos e os fortaleceram” (At 15.32). Em Jerusalém havia vários profetas. Um deles, Ágabo, é mencionado como um profeta cuja palavra foi confirmada. “Naqueles dias desceram alguns profetas de Jerusalém para Antioquia, e, apresentando-se um deles, chamado Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que estava para vir grande fome por todo o mundo, a qual sobreveio nos dias de Cláudio” (At 11.27,28).

Mais tarde, esse mesmo profeta avisa a Paulo sobre as dificuldades que encontraria caso subisse para Jerusalém (At 21.10,11).

B) Vejamos algumas características do ministério de profeta na igreja, hoje.

Em primeiro lugar, o profeta consegue identificar-se com os problemas das pessoas de maneira sobrenatural, pois de forma rara ele sabe interpretar para o povo o verdadeiro sentir do Espírito. Ele geralmente reage de maneira favorável diante de um auditório compreensivo.

Em segundo lugar, o profeta é uma pessoa que tem um ouvido afinado para ouvir a Deus e uma boca disposta para falar ao povo. Muitas vezes não sabe o que vai falar, e um texto das Escrituras se ilumina para ele e lhe fornece uma idéia da qual parte. Conseqüentemente, ele se move na habilidade de Deus. O profeta tem os dons do Espírito como parte inerente de seu ministério, e, no momento preciso, faz uso desses dons!

Em terceiro lugar, o profeta é uma pessoa que vê o invisível. Ele conhece bem a palavra de Deus, e por isso tem uma dimensão muito grande do passado, do presente e do futuro, sabendo colocar cada ato e manifestação de Deus no seu lugar correspondente na história. É essa visão especial de Deus que traz direcionamento para a igreja.

Em quarto lugar, é um ministério que tem como característica incentivar, incendiar o coração dos irmãos e deixar a reunião mais fervente. Frequentemente ele profetiza positivamente levando a igreja a tomar uma posição de fé, de doutrina e de batalha espiritual. Não só profetiza à igreja, mas também tem uma palavra para o mundo, para sua cidade e para seu país.

Em quinto lugar, o profeta é alguém que tem experimentado a obra da cruz de forma prática e consistente. Ele está sempre morrendo para si mesmo, já que nunca visa seu próprio interesse. Ele fala e pratica. Age e se despoja! Ele sofre e paga muito alto o preço do seu chamamento. Geralmente não é bem entendido. O profeta é alguém tão severamente tratado por Deus, que seu foco é Deus e seu povo. Consequentemente, ele não tem orgulho, não defende sua posição, e por vezes é desprezado pela própria família.

Em sexto lugar, temos que entender a diferença entre o ministério do apóstolo e o do profeta. Uma delas é que o apóstolo é comissionado a determinadas áreas, enquanto o profeta é mais abrangente. O profeta move-se entre as igrejas, enquanto o apóstolo é específico em algumas igrejas. Um profeta fala para toda a igreja, enquanto que o apóstolo é também para toda a igreja, mas na prática sua esfera de ação é menor, limitando-se a algumas igrejas, apenas.

O profeta é visto constantemente andando junto com o mestre. Se as pessoas se cansarem ouvindo o mestre, o profeta, então, se levanta e traz uma palavra mais vivificante.

Por outro lado, o mestre traz o equilíbrio ao povo, demasiadamente empolgado pelo profeta. É essa relação de equilíbrio que os faz andarem juntos! O mestre ensina em detalhes aquilo que o profeta falou, e o profeta põe vida naquilo que o mestre ensinou. Por isso devem andar juntos!

Com essas considerações, creio que fizemos um esclarecimento entre o dom de profecia e o ministério de profeta. O assunto não se esgota aqui. Há muito mais sobre o tema na palavra de Deus!

Conclusão:

Onde estão os profetas hoje? Eles existem, mas a tradição evangélica os relegou ao mesmo patamar dos pastores, enquanto no serviço são bem diferentes dos pastores.

Direitos do autor – Editora Faith Ltda.

Extraído de meu livro: Dons Espirituais, o poder de Deus em Você.

7 thoughts on “O Ministério do profeta

  1. Post maravilhoso por demais para mim, pastor… Me identifico com muito do que escreveste aqui.
    Através destas suas linhas, Deus o usa para confirmar minha porção de trabalho no corpo de Cristo.
    Me espanto com o teor das mensagens que prego com textos já previamente conhecidos por mim, mas não elaborados para propriamente embasarem uma pregação, como fazem a maioria dos pregadores.
    Me atenho a ler o texto dado por Deus e após isto, vai surgindo a mensagem de Deus, a qual no seu desenrolar, eu mesmo me admiro pensando?
    “Meu Deus, como nunca tinha visto isto nesta passagem???”

  2. gostei muito pastor aprendi coisa que eu nunca tinha ouvido falar e não me lembrava de já ter lido na Biblia conferi e foi sensacional seu estudo Deus o abençõe mais e mais…

  3. Muito bem explicado pastor. E respondendo a pergunta que o senhor fez, onde estão os profetas hoje? Eles realmente existem nos dias de hoje mas, a maioria são falsos para que se cumpra a Palavra de Deus que nos advertiu de antemão que eles estariam atuando nos tempos finais. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, e cura trará nas suas asas; e saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR;
    6 E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.
    Malaquias 4:1-6

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